segunda-feira, 31 de março de 2008

A Escola católica é viável?


Era uma vez um casarão antigo e vistoso, perto de uma cidade do interior. Havia sido construído com muito esforço e carinho por uma família de fazendeiros, coordenado por “Seu Fernando”. Tinha muitos quartos amplos, com belas e largas janelas de madeira. O enorme pé direito dava a todos uma noção de grandeza, de espaço quase infinito. E no verão, enquanto lá fora era quente e úmido, dentro de casa circulava um ar agradável. Na cozinha, o fogão de lenha era um símbolo de aconchego. Ocasionava que todos se reunissem em torno ao fogo, nas frias noites de inverno. E lá se contavam histórias, estouravam-se pipocas e se comia milho e batata doce assados. Na varanda havia muitos vasos de plantas, cultivados por Dona Joana. No quintal, horta bem protegida fornecia verduras e legumes frescos e saudáveis. Algumas vaquinhas asseguravam o leite e o queijo. E no terreiro, pássaros, galinhas e patos entoavam sinfonias alegres e múltiplas.

Aquela casa tinha tudo para se prolongar no tempo: consistência de material, pessoas, alimento, muito espaço e beleza. Mas os filhos foram crescendo e se mudaram para a capital. Seu Fernando e Dona Joana envelheceram e não davam conta de cuidar da casa. Quanto trabalho para manter tudo limpo, cuidar da horta e zelar dos animais! E afinal, casa grande e vazia não tem graça. Acaba se transformando em um peso difícil de carregar.

Muitas escolas católicas se assemelham a esse casarão de fazenda. São belas e vistosas, impressionam pela estrutura física, mas estão cada vez mais vazias. Remetem a algo do passado, a uma tradição que enche de orgulho os ex-alunos, mas parece dizer pouco para as novas gerações. A crescente perda de alunos é um fato incontestável. Gestores e educadores olham perplexos para esta situação, considerando-a como uma fatalidade, um destino irreversível.

Acredito que as escolas são viáveis, desde que superem o amadorismo e adotem uma gestão profissional que seja coerente com seu carisma e espiritualidade. É necessário colocar em prática princípios básicos da gestão, considerando a originalidade da escola católica e suas múltiplas tarefas: socializar e sistematizar o conhecimento, educar as novas gerações, reelaborar a cultura, evangelizar e formar cidadãos planetários.

Para saber mais, veja o meu livro “Gestão e Espiritualidade” (Paulinas, 2007).