quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

É natal

Deus é tão grande que se fez pequeno,
para estar mais próximo de nós.
Alegremo-nos com Ele, o Deus-conosco,
o Deus que faz sua morada neste mundo.
Cantemos louvores ao Criador,
que no seu Filho encarnado santifica todas as suas criaturas:
a água, o ar, o solo, os microorganismos, as plantas,
os animais, a humanidade e a história.
Desejo a você um Natal feliz e um ano novo com esperança renovada.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Memória e indignação

Recente pesquisa da Datafolha aponta que grande parte dos brasileiros desconhece o AI-5, instrumento utilizado pelo regime militar, há 40 anos atrás, para suspender as liberdades democráticas e conceder força extraordinária aos donos do poder. Na época, eu tinha 10 anos. Meu pai, um homem notadamente conservador, acolheu o dito “Ato Institucional Número 5” como um remédio salvador para nação, frente ao perigo do comunismo.
Recordo-me do que veio depois: o clima de perseguição e de medo, o aniquilamento da cidadania. Qualquer um que ousasse levantar a cabeça era classificado como “subversivo”. O golpe de estado recebeu o belo nome de “Revolução de 31 de março”. Estudávamos Educação Moral e Cívica na Escola e cultivávamos a ilusão de que “ninguém segura mais este país”. Houve atrocidades, torturas, assassinatos e desaparecidos. Felizmente, isso acabou. Parece que houve um “perdão do passado”, para além da anistia política. Guardaram-se poucas marcas deste tempo terrível, com exceção de familiares de vítimas diretamente envolvidas.
Estamos colhendo frutos remotos deste tempo de inconsciência política. A geração nascida depois de 68 não desenvolveu o senso de cidadania, de luta e de reivindicação, como a anterior. Após duros golpes, o movimento estudantil não conseguiu recuperar seu vigor. Perdeu-se numa multiplicidade de tendências políticas, algumas delas anacrônicas. O movimento sindical, após ressurgir ao final da década de 70, com a greve do ABC, também dá mostras de perda de vitalidade. Hoje, engajar-se em movimentos populares, aderir a iniciativas sócio-ambientais e tomar parte em lutas cidadãs se tornou mais desafiador ainda. Uma aventura para poucos.
Parece que perdemos a memória. E com ela, a indignação. Ora, sem memória e indignação não há mudança. O compositor Geraldo Vandré, um ícone da arte engajada nos tempos de 68, compôs após a prisão e a tortura uma música que começa assim: “Maria, me dê memória. Depois, se puder, perdão”. Aliás, o perdão não pode ser confundido com inconsciência, esquecimento, ou qualquer outra alternativa escapista que serve para premiar os dominadores e manter a situação de injustiça.
Neste contexto, é importante redescobrir a figura dos profetas da bíblia.
Os profetas diziam que o remédio para a iniqüidade social não era o esquecimento, e sim a justiça. Na tradição judaica, essa palavra era algo mais do que a realidade forense ou legal de dar a cada um o que ele merece. A justiça significava simultaneamente conversão das pessoas e das estruturas, atitudes individuais e ações coletivas, criação de novas relações. Ao mesmo tempo em que os profetas anunciavam a misericórdia e o perdão de Deus, mantinham a indignação e a consciência social. Este critério era tão decisivo, que questionava até a própria religião. Assim Isaías denuncia a religiosidade vazia e alienante: “Esse povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim”. E proclama: “Aprendam a fazer o bem. Procurem a justiça, defendam o direito do fraco” (Is 1,17).
Hoje, em diversos canais de TV ou de rádio, se escutam preces de pregadores, pastores e padres. Por que se pede a Deus somente milagres, curas e prosperidade pessoal? Por que as pessoas são mobilizadas somente para resolver o seu problema? É tempo de suplicar: Senhor, dá-nos memória e indignação! É também momento de cultivar a memória e despertar as consciências para ação coletivas. Assim, a memória tece o fio da história. E a indignação ética mobiliza as forças transformadoras.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Sim, é possível

Desde que a crise econômica tomou conta dos mercados mundiais, os governos se mobilizam para conter ao máximo possível a temida recessão. Algumas medidas, no entanto, chamam a atenção de qualquer cidadão conectado com o mundo. Algo está errado, pois o remédio proposto está contaminado pela mesma causa da doença. Os governos, inclusive o do Brasil, continuam alimentando o capital financeiro, que é o pivô da crise. Liberam enorme quantidade de recursos para os bancos e intervêm nas bolsas. Ora, “os senhores do mundo” esqueceram-se rapidamente de um dogma fundamental do neoliberalismo: a “mão invisível do mercado” iria controlar suas distorções. Hoje temos clareza que a tal mão pode ser invisível, mas é muito ativa: surrupia, explora e concentra.
Nas medidas anunciadas recentemente pelo governo brasileiro, visando aumentar o consumo, não se tocou na taxa de juros, um mecanismo perverso que favorece o capital financeiro, à custa do capital produtivo e do bem de toda a população. Como no Brasil os pobres só podem comprar à prestação, acabam pagando mais. E muito mais... Clóvis Rossi, em artigo da Folha de São Paulo de 12 de dezembro, diz: “Lula terceirizou a política econômica para Meirelles, que faz o que bem entende com os juros. Foi a maneira que encontrou para acalmar as piranhas do mercado financeiro, as únicas que podem desestabilizar um governo que não lhes dê o sangue que pedem insaciavelmente”. Então, vejam só, o mercado financeiro não tem somente mãos enormes para capturar, mas também dentes afiados e vorazes.
Nesta mesma semana aconteceu um encontro internacional sobre mudanças climáticas, na Polônia. É evidente que a humanidade, como um todo, necessita reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Se não fizer isso logo, haverá perda de biodiversidade, diminuição da qualidade de vida, redução da área cultivável para agricultura, aumento dos fenômenos extremos de tempestades e secas etc. Ou será que já esquecemos, em tão curto de espaço de tempo, o que aconteceu recentemente em Santa Catarina? Mas, os interesses imediatos do poder econômico freiam as iniciativas e levam a reduzir as metas.
Entre as medidas adotadas pelos governos, visando a vitalidade da economia, está o socorro às indústrias automobilísticas e o estímulo à compra de carros novos. Ora, a emissão de gases dos veículos automotivos é um dos fatores responsáveis pelo aquecimento global. Além disso, com o aumento da frota em circulação, gera-se um caos no trânsito das grandes cidades, que impacta na saúde da população e diminui a produtividade da economia. Então, é uma ação que favorece a destruição do meio ambiente, não visa a inclusão social, e em longo prazo tem um custo econômico.
Os recentes estudos de Valoração Ambiental e de Economia Ambiental mostram que é falso o dilema: desenvolvimento x ecologia. Os governos poderiam estimular a economia de outras formas, favorecendo ao mesmo tempo a equidade social e a sustentabilidade ecológica. Por exemplo, há no Brasil um enorme déficit de habitação, e moradia é direito básico do ser humano. Incentivar a construção civil, não somente através das grandes construtoras, mas também promovendo empreendedores coletivos, aqueceria o mercado de trabalho e responderia de forma clara a uma necessidade do país, especialmente dos mais pobres. Além disso, se estimulasse a formação de cadeias produtivas ecologicamente sustentáveis, geraria oportunidades de trabalho e contribuiria para manter aquecida a economia.
As soluções existem. Um mundo diferente deste que está aí, submetido a mãos invisíveis e dentes vorazes, é cada vez mais possível e necessário, como proclama o Fórum Social Mundial. Sim, é possível! Com outras mãos e outros corações.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Novidade

Comecei outro blog.
Ele trata especificamente de Maria, a mãe de Jesus.
Destina-se a aqueles(as) que se interessam em conhecer mais essa mulher especial, na perspectiva da teologia cristã atual.
Apresenta textos mais extensos, para possibilitar estudo, reflexão e comentários, além de poder contribuir na evangelização de grupos.
Quero abrir um diálogo com cristãos de outras igrejas e também de diferentes religiões.
Faça uma visita lá: