sexta-feira, 11 de novembro de 2011

11/11/11

Os número têm uma força mágica.
Quando eu era criança, recordo-me de 6/8/68. Aquele ano foi especial, pois eclodiu o Movimento Estudantil e se gestaram valores que hoje marcam a geração da "meia idade". Foi também um ano tenebroso para as liberdades democráticas no Brasil. Com diferente intensidade, luz e trevas se entremeiam até nas datas especiais,
Bem mais tarde veio o 9/9/99, da qual não lembro absolutamente de nada. Passou como uma dia qualquer. Para além da experiência pessoal, ele poderia até ser chamado do "dia mundial da incompletude", pois alude à esperança, ao desejo de plenitude, que na lógica dos nossos números seria o 10/10/10. E este também passou, sem grandes diferenças.
Então, parece que a mágica dos dias só tem encanto quando as pessoas e as coletividades os celebram, explicitam, e marcam com eles novas atitudes de vida.
O que ficará para mim deste dia 11/11/11? Talvez um simples fato. No final da tarde fui ao prédio da Politécnica da  USP buscar meu certificado do MBA em Tecnologia e Gestão Ambientais, que concluí no ano passado. Mais do que a alegria de uma conquista, veio-me ao coração o sentimento de gratidão aos professores, aos colegas e  aos funcionários que estiveram comigo nesta aventura do saber. Senti-me impelido a continuar a semear consciência planetária nos diversos âmbito onde atuo. Pensei também em 11 razões para me empenhar pela sustentabilidade, escolhendo tal número em homenagem a esta bela data.
Quem sabe, em 12/12/12, tenhamos mais coisas boas para comemorar, sonhos para nutrir, conquistas para partilhar. Será que até lá (e falta apenas um ano) a humanidade dará ao menos um pequeno passo em direção à consciência planetária? Enquanto isso, cada dia tem a possibilidade de ser um igual ou aos outros, ou um novo dia. Mesmo que não tenha a mágica dos números... Vamos lá!!!

domingo, 6 de novembro de 2011

Questões ambientais e IDH

As ameaças ambientais podem comprometer avanços no desenvolvimento humano nos próximos anos, e os principais prejudicados serão os países mais pobres do mundo. O alerta é do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), que divulgou recentemente o relatório Sustentabilidade e Equidade: Um Futuro Melhor para Todos.

De acordo com o Pnud, os avanços em saúde e renda, que, junto com educação, compõem o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), poderão ser ameaçados pelas consequências das mudanças climáticas e da destruição ambiental. "Os resultados alcançados nas últimas décadas poderão ser revertidos se não levarmos em conta o desenvolvimento sustentável, compreender que a desigualdade afeta a degradação ambiental e vice-versa", apontou o pesquisador do Relatório de Desenvolvimento 2011, Alan Fuchs.

Pelas projeções do Pnud, se o ritmo de evolução do IDH dos últimos 40 anos for mantido, em 2050 a grande maioria dos países terá índices considerados muito elevados. No entanto, essa trajetória pode ser comprometida pelos riscos ambientais, que foram divididos pelo Pnud em dois cenários: desafio e desastre ambiental.
Até 2050, sem os novos desafios ambientais, o IDH global seria 19% maior que o atual, com melhora principalmente nos índices de países em desenvolvimento. No cenário de desafio ambiental, que considera a poluição do ar e da água e os impactos das mudanças climáticas sobre a agricultura, o IDH global em 2050 seria 8% menor do que no cenário-base. Na hipótese de desastre ambiental, o IDH global seria 15% menor que o projetado para 2050 no cenário básico.

"Sob um cenário de desastre ambiental, a maior parte dos ganhos do início do século será perdida até 2050, com os sistemas biofísicos e humanos sujeitos à pressão do uso excessivo de combustíveis fósseis, da queda dos lençóis freáticos, da desflorestação e degradação da terra, dos declínios dramáticos da biodiversidade, da maior frequência de eventos climáticos extremos", lista o relatório. Os impactos serão maiores nos países do Sul da Ásia e da África Subsaariana, mais vulneráveis, por exemplo, aos impactos das mudanças climáticas, tais como a alteração na ocorrência de chuvas e elevação do nível do mar.
O Pnud sugere mudanças significativas na implementação de políticas públicas e investimentos em sustentabilidade para reverter a situação. "É preciso haver uma mudança macro. Um ambiente limpo e seguro deve ser um direito e não um privilégio", avaliou Fuchs.

Entre as medidas, os autores do relatório defendem a criação de um imposto verde, para taxar as grandes transações financeiras internacionais e financiar o enfrentamento das mudanças climáticas e da pobreza extrema. Segundo cálculos do Pnud, uma taxa de 0,005% sobre as negociações cambiais poderia gerar anualmente US$ 40 bilhões para essas causas.
Fonte: Folha on-line, 3 nov 2011.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Até a morte virou evento

Veja esta notícia publicada pela Folha de São Paulo no dia 02 de novembro:

Finados tem pula-pula e sorteio de panela
Brinquedos para crianças, sorteio de brindes, música e apresentação de balé e circo são algumas das atrações dos cemitérios hoje no Dia de Finados. A ideia é entreter o público para tornar a data mais agradável e menos triste.
No Parque Hortolândia, em Campinas, as crianças terão pula-pula, cama elástica e oficina de pipas. Para os adultos, chuva de pétalas de rosa e exame de pressão arterial. O Primaveras, em Guarulhos (Grande SP), terá sorteios de panelas e cafeteiras. À tarde, bailarinas se exibem presas às cordas de um balão, no espetáculo "Mulheres do Sol". Para as crianças, psicólogas contarão histórias para ensiná-las a trabalhar com o luto. São esperadas cerca de 50 mil pessoas. Em SP, o Gethsêmani, no Morumbi (zona oeste) terá violinistas pela primeira vez. Cinco cemitérios na capital e na Grande SP darão ecobags de garrafas PET, entre eles o Redentor, na Dr. Arnaldo, e o dos Protestantes, em Higienópolis, região central. Nos 22 cemitérios municipais de SP, a programação é a convencional, com missas. No Rio, o ator Marcos Frota e a sua trupe circense estarão no Jardim da Saudade de Paciência, na zona oeste. "Preparamos uma mensagem poética, com reflexão espiritual sobre a morte, sem aquela algazarra normal do circo." Malabaristas e equilibristas representarão o renascimento de um índio palhaço. Para Clemir Fernandes, pesquisador do Instituto de Estudos da Religião, o Dia de Finados tem ganhado novos significados por causa da disputa no campo religioso entre movimentos da Renovação Carismática, católica, e protestantes, que encaram a morte como algo positivo."É uma outra maneira menos chorosa de falar da morte e mais coerente com a sociedade do prazer e do espetáculo", afirma.

Até a morte se transforma em evento! Nesta sociedade do espetáculo e da aparência, a dor necessita ser escondida ou amenizada. Ora, assumir a perda de parentes ou pessoas amadas é tarefa lenta e necessária, ao ritmo da existência de cada pessoa. Criar processos para mascará-la não minimiza o sentimento, simplesmente o esconde. Não me parece alternativa saudável. Simplemente, é mais uma forma de negar que há certas ocasiões inevitáveis de sofrimento para a ser humano.
Não se trata de promover a dor e o sofrimento, como ainda teimam algumas correntes religiosas. E nem de negá-las absolutamente. Essas são oportunidades de refletir e aprender. Vivamos o dia de finados com o sentido que ele tem: recordar a memória de nossos falecidos, agradecer a Deus o que eles nos deixaram de bom, pensar sobre a vida e a morte, considerar que a nossa existência neste mundo também é passageira...