sábado, 27 de março de 2010

Hora do planeta 2010: eu participei

Acabo de participar da Hora do Planeta 2010.


O evento é mundial, e tem na ONG ambiental WWF seu principal articulador.


Apagamos as luzes e acendemos as velas. Senti-me em sintonia com milhões de pessoas, nos quatro cantos da Terra.


E, para festejar, um pouco de comida árabe...

sábado, 20 de março de 2010

Oscar Romero: 30 anos depois

No próximo dia 24 de março se comemora o jubileu de 30 anos da morte martirial de Dom Oscar Romero. No ano passado, quando estive em El Salvador, rezei no seu túmulo, ouvi o testemunho de várias pessoas, fui até a capela onde ele foi assassinado em plena celebração, ouvi alguns áudios com suas homilias. Confirmou o que eu percebia: Este homem era um santo, um profeta, um místico encarnado. Deve ser lembrado e celebrado!
Partilho com você dois textos sobre o Jubileu da morte de Dom Romero, editados no "Jornal de Opinião".

Oscar Romero: espiritualidade aliada ao compromisso político
João Batista Libânio
Marco simbólico do continente latino-americano. Responde bem à pedagogia de Deus. Não escolhe os grandes deste mundo, mas os pequenos para confundir os fortes. Assim, lá vivia em El Salvador um bispo conservador que assumiu o pastoreio sob o olhar complacente e feliz da burguesia. Homem piedoso e honesto, sim, mas preso nas malhas da tradição, tecida por uma oligarquia impiedosa de longa data. Diante do corpo ensanguentado de Rutílio Grande, sacerdote jesuíta (1977), promotor da libertação dos oprimidos, dom Romero modifica radicalmente sua postura em face do Governo e urge a investigação do crime. Como este fora perpetrado por forças do próprio Governo, tal insistência só produzia ódio contra ele. Daí para frente o arcebispo enceta uma caminhada ao lado do povo sofrido até ser assassinado pelas forças repressivas do Estado em 1980.
Além do testemunho maravilhoso de vida, de coragem e de entrega, dom Romero deixou-nos magnífica coleção de homilias. Ele criou gênero próprio de pregações. Serviam simultaneamente de informação de fatos acontecidos no país, que a rigorosa censura escondia, e de alimento para a fé do povo simples no meio da terrível repressão e pobreza. Transparece nelas, de modo original e corajoso, uma espiritualidade aliada a sério compromisso político. O bispo de formação religiosa tradicional, sem perdê-la no que tem de piedade popular, assumiu uma linguagem de ponta na linha da libertação. Esta não nasceu de nenhuma crítica a partir da racionalidade moderna, mas da provocação que lhe veio da realidade sofrida de seu povo.
Ele se sentia verdadeiro mediador entre a Palavra de Deus lida na celebração e a comunidade eclesial da qual era pastor. Articulava maravilhosamente as interpelações nascidas da Escritura com a vida das pessoas. Esta lhe oferecia o olhar crítico para compor as homilias. Algo admirável por provir precisamente da mais alta autoridade eclesiástica do país, onde uma Igreja durante séculos compactuara com as classes dominantes. Agora se produzia a ruptura no espírito do Evangelho de Jesus. Bispo, ele se entendia no espírito do Concílio Vaticano como servidor do povo de Deus.
Mostrou enorme coerência entre a autenticidade de vida e as palavras até o extremo do martírio. Renunciara habitar luxuosa residência oferecida pela burguesia salvadorenha para ocupar modesto quarto do hospital dos cancerosos de San Salvador. Fazia ecoar, praticamente, a única voz de verdade e profecia naquele momento de censura rigorosa por parte do Governo, mesmo quando ele se dera conta das ameaças de morte. Proclamava-se a “voz dos sem voz” e não temeu cumprir tal missão. E por isso foi assassinado. Sofreu no interior da Igreja discriminação e incompreensão. Tal solidão o acompanhou até a morte em testemunho muito próximo ao de Jesus.

Aos 30 anos do martírio de São Romero
Dom Pedro Casaldáliga
Celebrar um Jubileu de nosso São Romero da América é celebrar um testemunho que nos contagia de profetismo. É assumir comprometidamente as causas, a causa, pelas quais nosso São Romero é mártir. Grande testemunha é ele no seguimento da Testemunha Maior, a Testemunha Fiel, Jesus. O sangue dos mártires é aquele cálice que todos, todas, podemos e devemos beber. Sempre e em todas as circunstâncias a memória do martírio é uma memória subversiva.
Trinta anos se passaram daquela Eucaristia plena na capela do “Hospitalito”. Naquele dia nosso santo nos escreveu: “Nós acreditamos na vitória da ressurreição”. E muitas vezes, disse ele, profetizando um tempo novo, “Se me matam ressuscitarei no povo salvadorenho”. E, com todas as ambiguidades da história em processo, nosso São Romero está ressuscitando em El Salvador, em Nossa América, no Mundo.
Este jubileu tem de renovar em todos nós uma esperança, lúcida, crítica, mas invencível. “Tudo é Graça”, tudo é Páscoa, se entrarmos a todo risco no mistério da Ceia partilhada, da Cruz e da Ressurreição.
São Romero nos ensina e nos cobra que vivamos uma espiritualidade integral, uma santidade tão mística quanto política. Na vida diária e nos processos maiores da justiça e da paz, “com os pobres da terra”, na família, na rua, no trabalho, no movimento popular e na pastoral encarnada. Ele nos espera na luta diária contra essa espécie de “mara” monstruosa que é o capitalismo neoliberal, contra o mercado onímodo, contra o consumismo desenfreado. A Campanha da Fraternidade do Brasil, ecumênica este ano, nos recorda a palavra contundente de Jesus: “Vocês não podem servir a dois senhores, a Deus e ao dinheiro”.
Respondendo àqueles que na Sociedade e na Igreja tentavam e tentam desmoralizar a Teologia da Libertação, a caminhada dos pobres em comunidade, esse novo modo de ser Igreja, nosso pastor e mártir replicava: “Há um ‘ateísmo’ mais próximo e mais perigoso para nossa Igreja: o ateísmo do capitalismo quando os bens materiais se erigem em ídolos e substituem a Deus”. (...)
Sempre e cada vez mais, quando maiores sejam os desafios, viveremos a opção pelos pobres, “a esperança contra toda esperança”. No seguimento de Jesus Reino adentro. Nossa coerência será a melhor canonização de “São Romero da América, Pastor e Mártir”

sábado, 13 de março de 2010

Funções de uma Equipe Gestora


















-> Trabalhei em São Leopoldo (RS), na UNISINOS, este tema com religiosas(as) gestores(as).
Partilho com vocês os eslaides, para que possam usar, copiar e melhorar...



sexta-feira, 5 de março de 2010

Usos do dinheiro

Leia e medite este belo artigo de Leonardo Boff

Trata-se de resgatar o sentido originário da economia como a atividade destinada a garantir a base material da vida pessoal, social e espiritual. Ela não pode ocupar todos os espaços, como ocorreu nos últimos decênios. A sociedade mundial virou uma sociedade de mercado e todas as coisas, do sexo à SS. Trindade, viraram mercadorias com as quais se pode ganhar dinheiro.

A economia é parte de um todo maior. Para facilitar a compreensão, distingo três espaços da atividade humana, um dos quais é ocupado pela economia. Em primeiro lugar somos seres de necessidade: precisamos comer, beber, ter saúde, morar e outros serviços. Nisso, todos dependemos uns dos outros para atender a esta infra-estrutura. É o campo da economia. Em segundo lugar somos seres de relação: colaboramos com os outros, instauramos direitos e deveres, somos seres de criação: cada pessoa possui habilidades, não só reproduz o que está ai, mas cria, exerce sua liberdade e faz a sociedade avançar. É o âmbito da cultura. Todas se entrelaçam, mesmo com conflitos que não invalidam esta estrutura básica.

Vamos nos concentrar num capítulo fundamental da economia que é o uso do dinheiro. No começo não havia dinheiro, mas a troca: eu lhe dou um kg de arroz e você me dá três garrafas de leite. Reinava a relação direta e a confiança de que as trocas eram justas. Mas ao sofisticar-se a sociedade, entrou o dinheiro como meio de troca. E aí surgiu um risco, pois dinheiro significa poder que obedece a esta lógica: "quem não tem quer ter; quem tem diz: quero ter mais; e quem tem mais diz: nunca é suficiente". Ai surge a especulação que é ganhar sem trabalhar, dinheiro fazendo dinheiro. Mas, o dinheiro tem três usos legítimos: para comprar, para economizar e para doar. Dinheiro para comprar é necessário para o consumo daquilo que precisamos. Mesmo assim devemos sempre colocar a pergunta: compro por que preciso ou por que sigo a propaganda ou a moda? Quem fabrica, explora os funcionários? Ao produzir, respeita os direitos humanos e a natureza ou polui e usa demasiados pesticidas? Esse dinheiro é para o hoje.

O segundo uso do dinheiro é aquele para economizar. É coisa para o amanhã. Não sabemos as voltas que a vida dá: doença, desemprego, aposentaria insuficiente. Muitos nem conseguem economizar; pois, consomem tudo na sobrevivência. Mas se sobrar, onde colocar este dinheiro? Deixá-lo no colchão é dinheiro morto que nada produz. Aqui surgem os bancos que guardam o dinheiro. Fazem-no render, ao emprestá-lo a quem quer produzir e que não dispõe de capital próprio. Este recebe o dinheiro como empréstimo; mas, faz rendê-lo na produção, paga algum juro ao banco que repassa uma parte ao dono do dinheiro. Uma pessoa consciente quer saber para quem o dinheiro é emprestado: para construir armas, para apoiar empresas que devastam a natureza? Extraordinária é a decisão em Bangladesh e no Brasil de criar o microcrédito para apoiar pobres que querem produzir.

O terceiro uso do dinheiro é para doar. O dinheiro não é para a acumulação; mas, para a circulação. Se atendo com suficiência e decência minhas necessidades, se tenho economias que me dão certa tranquilidade para futuro, se tenho garantido o bem-estar e certo futuro à família, a doação é um ato de grande desprendimento. Expressa a gratidão pelo dom da vida, da saúde, do amor recebidos dos outros. É altamente ético doar para os flagelados do Haiti, para apoiar projetos de combate à prostituição infantil ou creches para populações da periferia. E aí, sentimos que ao dar, recebemos a alegria impagável de ter feito o bem e de ter amado o outro.

terça-feira, 2 de março de 2010

Economia Solidária na CF 2010

Partilho com vocë este vídeo de Paul Singer que trata da Economia Solidária. Creio que é uma alternativa viável para uma economia justa e suatentável.