domingo, 29 de outubro de 2017

Nota da CNBB sobre o Atual Momento Político (out 2017)

Nota da CNBB sobre o atual momento político

“Aprendei a fazer o bem, buscai o que é correto, defendei o direito do oprimido” (Is 1,17)

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através de seu Conselho Permanente, reunido em Brasília de 24 a 26 de outubro de 2017, manifesta, mais uma vez, sua apreensão e indignação com a grave realidade político-social vivida pelo País, afetando tanto a população quanto as instituições brasileiras.

Repudiamos a falta de ética, que há décadas, se instalou e continua instalada em instituições públicas, empresas, grupos sociais e na atuação de inúmeros políticos que, traindo a missão para a qual foram eleitos, jogam a atividade política no descrédito. A barganha na liberação de emendas parlamentares pelo Governo é uma afronta aos brasileiros. A retirada de indispensáveis recursos da saúde, da educação, dos programas sociais consolidados, do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), do Programa de Cisternas no Nordeste, aprofunda o drama da pobreza de milhões de pessoas. O divórcio entre o mundo político e a sociedade brasileira é grave.

A apatia, o desencanto e o desinteresse pela política, que vemos crescer dia a dia no meio da população brasileira, inclusive nos movimentos sociais, têm sua raiz mais profunda em práticas políticas que comprometem a busca do bem comum, privilegiando interesses particulares. Tais práticas ferem a política e a esperança dos cidadãos que parecem não mais acreditar na força transformadora e renovadora do voto. É grave tirar a esperança de um povo. Urge ficar atentos, pois, situações como esta abrem espaço para salvadores da pátria, radicalismos e fundamentalismos que aumentam a crise e o sofrimento, especialmente dos mais pobres, além de ameaçar a democracia no País.

Apesar de tudo, é preciso vencer a tentação do desânimo. Só uma reação do povo, consciente e organizado, no exercício de sua cidadania, é capaz de purificar a política, banindo de seu meio aqueles que seguem o caminho da corrupção e do desprezo pelo bem comum. Incentivamos a população a ser protagonista das mudanças de que o Brasil precisa, manifestando-se, de forma pacífica, sempre que seus direitos e conquistas forem ameaçados.

Chamados a “esperar contra toda esperança” (Rm 4,18) e certos de que Deus não nos abandona, contamos com a atuação dos políticos que honram seu mandato, buscando o bem comum.

Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, anime e encoraje seus filhos e filhas no compromisso de construir um País justo, solidário e fraterno.

Brasília, 26 de outubro de 2017

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Grupo do Seminário ECOLOGIA INTEGRAL E BEM COMUM

Nos dias 05 e 06 de Outubro realizamos o seminário "Ecologia integral e Bem Comum", com um grupo de participantes do Simpósio de Filosofia e Teologia da FAJE (Faculdade Jesuíta). Que discussão boa, com participação efetiva das pessoas.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Apoio a Gilberto Carvalho

Conheço Gilberto Carvalho há muitos anos, embora nos encontremos poucas vezes. Acredito nele. Compartilho com você a carta de apoio escrita por Leonardo Boff, com a qual me identifico.

 A TENTATIVA DE CONDENAÇÃO DE UM HOMEM HONRADO E JUSTO
                                                                                           Leonardo Boff
         
No dia 19 de setembro o juiz Vallisney Oliveira da 10ª Vara Federal de Brasília acatou a denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-Presidente Lula e Gilberto Carvalho por ter pretendido ver indícios de corrupção passiva sob a alegação de que teriam recebido a propina de 6 milhões de reais ao PT para reeditar a Medida Provisória 471/ 2009 que estendia benefícios fiscais a montadores do setor automobilístico no Centro-Oeste e Nordeste.
         Curiosamente esta Medida Provisória tem como autor o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso do ano de 1999, relatada na Câmara por José  Carlos Aleluia (DEM) e no Senado por César Borges (PFL). Ela foi aprovada por todos os partidos. O sentido era descentralizar a produção de automóveis e criar grande número de empregos. Efetivamente entre 2002-2013 o número de postos de trabalho passou de 291.244 para 532.364.
         A prorrogação desta MP 471 por  Lula tinha o sentido de garantir a continuidade dos empreendimentos que socialmente beneficiavam a tantos. Nada foi pedido e dado em troca. A acusação do MPF de propina não apresentou provas. Apenas indícios e ilações. Temos a ver com uma base extremamente frágil para fundar uma denúncia que nos remete, provavelmente, a outras intenções.
          Não tomo a defesa do ex-Presidente Lula porque advogados competentes o farão. Restrinjo-me a um testemunho da pessoa de Gilberto Carvalho. Conhecemo-nos há muitos anos, no trabalho com as Comunidades de Base, na Pastoral Operária, nos estudos de teologia em Curitiba, nos encontros de Fé e Política. Morou numa favela muito pobre da cidade, trabalhou depois numa fábrica de plástico e numa metalúrgica. Há cerca de 30 anos firmou com Lula uma amizade de irmãos. Ajudou a fundar o PT. Eleito Presidente, Lula o fez, nos dois mandatos, Ministro-Chefe da Secretaria Geral da Presidência da República.    Acompanhou o ex-Presidente em todos os momentos de realizações e tribulações pelas quais passou. No cargo desempenhou-se sempre com discrição e com grande sentido de equidade. Notabilizou-se por ser o interlocutor mais bem aceito pelos movimentos sociais, com a Igreja Católica e com outros segmentos religiosos. Carinho especial dedicava aos catadores de material reciclável e aos indígenas.      
         Todos o conhecem por sua serenidade e incansável capacidade de escutar e de buscar junto com outros os caminhos mais viáveis. Nós que o conhecemos de perto, testemunhamos com sinceridade o alto apreço que confere ao mundo espiritual. Quantos fins de semana passou no mosteiro dos beneditinos em Goiás Velho em oração humilde e meditação prolongada, pedindo ao Espírito luzes para bem servir ao povo de seu país, especialmente aos mais humilhados e ofendidos.
         Sempre foi um homem pobre. Comprou um pequeno sítio perto de Brasília com o resultado da venda de um apartamento que possuía em São Paulo. Faz gasto de ver como trata com cuidado ecológico as galinhas que lhe dão ovos  para toda a família, as plantas frutíferas e cada pé de milho. Nunca se aproveitou do alto cargo de ocupou na República.
         Por isso entendemos sua “revolta e indignação” contra a absurda denúncia feita pelo MPF e acatada pelo juiz federal Vallisney Oliveira de Brasília. Em sua nota de 19 de setembro Gilberto Carvalho escreveu: ”É importante grifar que não existe nenhuma base de provas, e sim ilações e interpretações forçadas de fatos… Nem o Presidente Lula nem eu tivemos qualquer aproximação com este tipo de má conduta com a qual querem nos estigmatizar.”.
         Talvez o tópico final de sua nota diga muito de sua personalidade em quem vemos sinais de virtudes humanas em grau eminente: ”Recebo esta denúncia no exato momento em que fui obrigado a vender o apartamento em que vivia, que recentemente havia adquirido, por não conseguir pagar o financiamento. Desde então, passo a morar em casa alugada. Portanto, não são acusações desta natureza que vão tirar minha honra e dignidade de uma consciência serena e sem medos”.
         As Escrituras com frequência invectivam juízes que açodadamente levantam suspeitas sobre os justos, quando não os condenam. Em Brasília se elabora a tentativa malévola de condenar um homem honrado e justo.

sábado, 16 de setembro de 2017

Turma Seminário de Leitura: "Dogma que liberta"

Este é o grupo de pós-graduação em Teologia da FAJE (Faculdade Jesuíta), que está estudando a obra de Juan Luis Segundo: "O dogma que Liberta".

domingo, 28 de maio de 2017

Alguns critérios para analisar o cenário atual

Compartilho este artigo, publicado no Site “Le Monde Diplomatique” em português. Creio que nos ajuda a compreender o cenário nacional para além das aparências. O foco do autor é a economia e as forças do mercado.

1 – O foco do poder não está na política, mas na economia. Quem comanda a sociedade é o complexo financeiro-empresarial com dimensões globais e conformações específicas locais.

2 – Os donos do poder não são os políticos. Estes são apenas instrumentos dos verdadeiros donos do poder.

3 – O verdadeiro exercício do poder é invisível. O que vemos, na verdade, é a construção planejada de uma narrativa fantasiosa com aparência de realidade para criar a sensação de participação consciente e cidadã dos que se informam pelos meios de comunicação tradicionais.

4 – Os grandes meios de comunicação não se constituem mais em órgãos de “imprensa”, ou seja, instituições autônomas, cujo objeto é a notícia, e que podem ser independentes ou, eventualmente, compradas ou cooptadas por interesses. Eles são, atualmente, grandes conglomerados econômicos que também compõem o complexo financeiro-empresarial que comanda o poder invisível. Portanto, participam do exercício invisível do poder utilizando seus recursos de formação de consciência e opinião.

5 – Os donos do poder não apoiam partidos ou políticos específicos. Sua tática é apoiar quem lhes convém e destruir quem lhes estorva. Isso muda de acordo com a conjuntura. O exercício real do poder não tem partido e sua única ideologia é a supremacia do mercado e do lucro.

6 – O complexo financeiro-empresarial global pode apostar ora em Lula, ora em um político do PSDB, ora em Temer, ora em um aventureiro qualquer da política. E pode destruir qualquer um desses de acordo com sua conveniência.

7 – Por isso, o exercício do poder no campo subjetivo, responsabilidade da mídia corporativa, em um momento demoniza Lula, em outro Dilma, e logo depois Cunha, Temer, Aécio, etc. Tudo faz parte de um grande jogo estratégico com cuidadosas análises das condições objetivas e subjetivas da conjuntura.

8 – O complexo financeiro-empresarial não tem opção partidária, não veste nenhuma camisa na política, nem defende pessoas. Sua intenção é tornar as leis e a administração do país totalmente favoráveis para suas metas de maximização dos lucros.

9 – Assim, os donos do poder não querem um governo ou outro à toa: eles querem, na conjuntura atual, a reforma na previdência, o fim das leis trabalhistas, a manutenção do congelamento do orçamento primário, os cortes de gastos sociais para o serviço da dívida, as privatizações e o alívio dos tributos para os mais ricos.

10 – Se a conjuntura indicar que Temer não é o melhor para isso, não hesitarão em rifá-lo. A única coisa que não querem é que o povo brasileiro decida sobre o destino de seu país.

11 – Portanto, cada notícia é um lance no jogo. Cada escândalo é um movimento tático. Analisar a conjuntura não é ler notícia. É especular sobre a estratégia que justifica cada movimento tático do complexo financeiro-empresarial (do qual a mídia faz parte), para poder reagir também de maneira estratégica.

12 – A queda de Temer pode ser uma coisa boa. Mas é um movimento tático em uma estratégia mais ampla de quem comanda o poder. O que realmente importa é o que virá depois.

13 – Lembremo-nos: eles são mais espertos. Por isso estão no poder.

Autor: Maurício Abdalla, professor de filosofia na Universidade Federal do Espírito Santo
http://diplomatique.org.br/13-pontos-para-embasar-qualquer-analise-de-conjuntura/ em 24/05/17.

domingo, 14 de maio de 2017

Mensagem do Papa Francisco sobre os 300 anos de Aparecida

Há 300 anos, um grupo de pescadores saiu como de costume para lançar suas redes. Saíram para ganhar a vida e foram surpreendidos por um achado que lhes mudou os passos: em suas rotinas são encontrados por uma pequena imagem toda coberta de lama. Era Nossa Senhora da Conceição, imagem que durante 15 anos permaneceu na casa de um deles, e aí os pescadores iam para rezar e Ela os ajudava a crescer na fé. Ainda hoje, 300 anos depois, Nossa Senhora Aparecida nos faz crescer e nos mergulha num caminho de discípulos. Aparecida é toda ela uma escola para aprender. E, a esse respeito, gostaria de destacar três aspectos.

(1) O primeiro são os pescadores. Não eram muitos, um grupinho de homens que cotidianamente saíam para encarar o dia e enfrentar a incerteza que o rio lhes apresentava. Homens que viviam com a insegurança de nunca saber qual seria o “ganho” do dia; incerteza nada fácil de gerir quando se trata de levar o alimento para casa e, sobretudo, quando nessa casa há crianças para alimentar. Os pescadores são esses homens que conhecem a ambivalência da generosidade do rio e a agressividade de seus transbordamentos. Acostumados a enfrentar durezas com resistência e teimosia, não deixam – porque não podem – de lançar as redes.

Esta imagem nos aproxima do centro da vida de tantos irmãos nossos. Vejo rostos de pessoas que desde muito cedo até a noite saem para ganhar a vida. E fazem isto com a insegurança de não saber qual será o resultado. E o que mais dói é ver que – quase ordinariamente – saem para enfrentar a inclemência gerada por um dos pecados mais graves que, hoje, açoita o nosso Continente: a corrupção. Essa corrupção que arrasa com vidas, mergulhando-as na mais extrema pobreza. Corrupção que destrói populações inteiras, submetendo-as à precariedade. Corrupção que, como um câncer, vai corroendo a vida cotidiana de nosso povo. E aí estão tantos irmãos nossos que, de maneira admirável, saem para lutar e enfrentar os “transbordamentos” (..).

(2) O segundo aspecto é a Mãe. Maria conhece em primeira mão a vida de seus filhos. Uma mãe que está atenta e acompanha a vida dos seus. Vai onde não é esperada. No relato de Aparecida, nós a encontramos no meio do rio, cercada de lama. Aí, espera seus filhos, aí está com seus filhos, no meio de suas lutas e buscas. Não tem medo de se submergir com eles nas vicissitudes da história e, se necessário, sujar-se para renovar a esperança. Maria aparece ali onde os pescadores lançam as redes, ali onde esses homens tentam ganhar a vida. Aí está ela.
(
3) Por último, o encontro. As redes não se encheram de peixes, mas, ao contrário, de uma presença que lhes encheu a vida e lhes deu a certeza que em suas tentativas, em suas lutas, não estavam sós. Era o encontro desses homens com Maria. Depois de limpá-la e restaurá-la, levaram-na a uma casa onde permaneceu um bom tempo. Esse lar, essa casa, foi o lugar onde os pescadores da região iam ao encontro de Aparecida. E essa presença se fez comunidade, Igreja. As redes não se encheram de peixes, se transformaram em comunidade.

Em Aparecida, encontramos a dinâmica do Povo crente que se confessa pecador e auxiliado, um povo forte e obstinado, consciente que suas redes, sua vida, está cheia de uma presença que o alenta a não perder a esperança. Uma presença que se esconde no cotidiano do lar e das famílias, nesses silenciosos espaços nos quais o Espírito Santo continua sustentando nosso Continente. Tudo isto nos apresenta um belo ícone que nós somos convidados a contemplar.

Viemos como filhos e como discípulos para escutar e aprender o que hoje, 300 anos depois, este acontecimento continua nos dizendo. Aparecida  não nos traz receitas, mas chaves, critérios, pequenas grandes certezas para iluminar e, sobretudo, “acender” o desejo de retirarmos qualquer roupagem desnecessária e voltar às raízes, ao essencial, à atitude que plantou a fé nos inícios da Igreja e, depois, fez de nosso Continente a terra da esperança.

Fragmentos da Carta do Papa Francisco aos bispos latino-americanos, no dia 8 de maio de 2017. 

Texto completo: https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/2017/05/11/provocante-carta-do-papa-francisco-aos-bispos-reunidos-na-assembleia-do-conselho-episcopal-latino-americano-celam/


terça-feira, 9 de maio de 2017

Aparecida: Significados Pastorais para a Igreja do Brasil

Compartilho. Minha colaboração no 5º Colóquio de Teologia e Pastoral de BH. Promoção: FAJE, PUC-Minas e ISTA.


quinta-feira, 4 de maio de 2017

Violência contra os Povos Indígenas

Nota dos Missionários Combonianos sobre a violência contra o povo Gamela

Os Missionários Combonianos do Brasil repudiam o ataque brutal contra o povo indígena Gamela, que provocou 13 feridos, dois em estado muito grave, no município de Viana-MA.
Há anos atuamos no Maranhão em defesa dos povos indígenas e, através da rede Justiça nos Trilhos, assessorando comunidades e povos atingidos pelos grandes projetos de mineração.
Junto à CPT, ao CIMI e a diversas entidades e movimentos sociais, denunciamos o aumento da violência no campo.

Crescem de maneira descontrolada: criminalização, execuções sumárias, “limpeza do território”, intimidando as comunidades locais e afastando-as de regiões visadas pelo grande capital, por fazendeiros, madeireiros e megaprojetos extrativos.
Paralelamente, há um desmonte do Estado de direito nessas periferias do País. FUNAI e INCRA estão cada vez mais fragilizados e inativos; do Governo Federal vêm sinais de flexibilização das leis ambientais e de progressivo desamparo dos povos tradicionais.

A impunidade dos crimes contra defensores de direitos humanos reforça um clima de imposição violenta dos interesses dos mais fortes, vingança e pistolagem.
As comunidades que tentam defender suas raízes, tradições ancestrais e vínculos com o território são desamparadas pelo poder público e desvalorizadas em seu esforço de afirmação cultural e étnica. Lembremos entre outros no Maranhão a luta orgulhosa por demarcação das terras quilombolas, os guardiões da floresta Ka’apor, e a resistência da comunidade de agricultores e pescadores de Cajueiro.

Os povos indígenas são solução, e não entrave ao desenvolvimento do País!
Em sintonia com inúmeras entidades e organizações do Maranhão, do Brasil e do mundo estarrecidas por esse aumento da violência, participamos da audiência pública convocada na capital do Maranhão na sede da OAB, como Missionários Combonianos. E solicitamos urgentemente:

- investigação por autoridades federais, com prioridade de tramitação, acerca dos crimes e punição a todos os responsáveis pelos fatos, incluindo o incentivo à violência pelo deputado federal Aluisio Guimarães Mendes Filho (PTN/MA) e investigação independente sobre eventuais responsabilidades da Polícia Militar do Estado do Maranhão e sua posição durante o conflito entre fazendeiros, jagunços e indígenas;
- intervenção da Polícia Federal para garantir proteção aos índios Gamela;
- a prestação de assessoria jurídica gratuita às vítimas;
- imediato oferecimento dos serviços públicos de proteção a vítimas e testemunhas e de defensores/as ameaçados;
- instalação pela FUNAI de um Grupo de Trabalho para a identificação e demarcação do território tradicional Gamela;
- instalação de uma força-tarefa permanente, com participação do Governo do Estado, da FUNAI, do INCRA e demais órgãos federais para retirada de posseiros e supostos proprietários de terra na região que será demarcada;
- denúncia do caso à Relatora da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas e ao Fórum Permanente de Assuntos Indígenas das Nações Unidas, através da Rede Eclesial Panamazónica e do CIMI, atualmente reunidos em New York com uma delegação de representantes de povos indígenas do Brasil;
- acompanhamento permanente da sociedade civil e da aliança interétnica dos povos indígenas do Maranhão a esse conflito.

São Luís do Maranhão, 02 de maio de 2017

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Greve e espiritualidade pascal

Marcelo Barros

Em várias dioceses católicas do Brasil, muitos ministros e fieis se revelam surpresos ao perceber que os responsáveis pela Igreja decidiram se manifestar publicamente sobre o que está acontecendo no Brasil. Bispos se pronunciam contra iniciativas do atual governo, como a Proposta de Reforma da Previdência Social. Também se declaram contra as mudanças da Constituição, empreendidas pelo Congresso, sem nenhuma consulta ou respaldo popular. Na Igreja Católica, essa nova postura profética dos bispos, depois de décadas  de uma pastoral mais autocentrada, é uma boa surpresa. Sem dúvida, devemos isso a esses tempos que vivem os, embalados pela profecia do papa Francisco. No entanto, além dos bispos católicos e de uma nota da própria CNBB, também o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs e autoridades evangélicas têm se unido na denúncia das medidas que vão diretamente contra os interesses da imensa maioria dos brasileiros.

Infelizmente, para muitos cristãos, o compromisso social e político não parece fazer parte da fé. Nesse tempo pascal, todas as comunidades de Igrejas antigas leram as passagens do livro do Êxodo que contam a Páscoa judaica. Ali, Deus ordenou aos hebreus saírem da escravidão. Ele os conduziu para a terra prometida e revelou que a vocação de todo ser humano é ser livre e ter sua dignidade reconhecida. Daqui há poucos dias, leremos nas Igrejas o texto do evangelho no qual Jesus se proclama o verdadeiro pastor do povo que veio para que todos tenham vida e vida em abundância (Jo 10, 10). No entanto, muitos ministros e fieis interpretam o evangelho de forma espiritualista e individualista. Como se Deus se interessasse apenas pelas consciências e desse sua salvação só para depois da morte. Mesmo muitos que estão d e acordo com as pastorais sociais e os trabalhos de solidariedade os veem apenas como consequência da fé e da caridade.

É preciso um processo de conversão para descobrir que a dimensão social libertadora é o eixo central da revelação bíblica e o coração da espiritualidade judaico-cristã. Ela expressa a relação com um Deus que é amor e cujo projeto é a libertação de todos os humanos, o direito à vida de todos os seres viventes e a comunhão do universo. Esse projeto que a Bíblia chama de "reino de Deus" nos chama todos a sermos cidadãos. Paulo diz que deixamos de pertencer ao mundo como sociedade dominante para vivermos livres. Então, "o mundo, a vida, a morte, o presente e o futuro, tudo é de vocês e vocês são do Cristo e o Cristo é de Deus" (1 Cor 3, 22- 23).

Nesses dias, muitos bispos e pastores estão se pronunciando publicamente favoráveis à greve geral dessa sexta-feira, 28. Eles  conclamam as pessoas de fé a apoiarem as mobilizações populares. Setores mais conservadores se perguntam o que isso tem a ver com a fé. De fato, essa greve geral é um movimento autônomo dos movimentos sociais. Totalmente laical e nada ligada à Igreja. No entanto, para quem tem fé, essa greve recorda que, na Bíblia, a aliança de Deus com o seu povo tem como centro a celebração do sábado. É o direito sagrado do povo parar o trabalho e descansar. Até hoje, os rabinos explicam: "Deus criou o sábado para lembrar a todo fiel a sua dignidade de pessoa livre e que não pode se deixar oprimir". Não é por acaso que no idioma hebraico dos nossos dias, o termo greve é traduzido por Shabbat , o mesmo vocábulo que sábado. 

Quando lutamos por cidadania e direito dos trabalhadores, estamos revivendo o que uma canção das comunidades eclesiais de base cantam até hoje: "No Egito, antigamente, no meio da escravidão, Deus libertou o seu povo. Hoje, Ele passa de novo, gritando a libertação".

sábado, 22 de abril de 2017

Maria e a promessa. De Nazaré ao Pentecostes

Minha contribuição ao Encontro Nacional da Família Marista


sexta-feira, 14 de abril de 2017

Sexta Feira da Paixão

Firme, de pé, junto da cruz
Estava Maria, mãe de Jesus

domingo, 2 de abril de 2017

Curso Maria na Bíblia


Caros amigos e amigas:

Tenho um presente para vocês e suas comunidades. Lançamos um Curso de Educação a Distância sobre Maria na Bíblia. São 10 vídeo-aulas, gratuitas, com texto para acompanhar. Olhem! Se gostarem, usem e me ajudem a divulgar. Grato.


http://www.eadseculo21.org.br/ead/?opcao=visualizarCurso&ID=762&utm_source=newsletter&utm_medium=email_20170330&utm_campaign=divulgacao_curso_maria&utm_content=curso_maria_ead

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017