sábado, 31 de dezembro de 2016
sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
quarta-feira, 9 de novembro de 2016
Um ano do crime ambiental de Mariana
Partilho com você a nota emitida pela articulação internacional de pessoas e comunidades atingidas pela Vale, por ocasião de 1 ano do crime ambiental de Mariana.
Em 05 de novembro de 2015 a vida de milhares de pessoas e comunidades foi profundamente violentada. A lama de minério da empresa Samarco (joint venture da Vale S.A. e BHP Billiton) destruiu casas, memórias, sonhos, modos de vida, relações sociais, causando o maior desastre socioambiental do Brasil. A lama da cobiça do lucro desenfreado ceifou a vida de 19 pessoas e modificou para sempre a realidade de milhares de pessoas que vivem de Mariana (MG) a Regência (ES).
Após um ano do crime da Samarco/Vale/BHP a situação permanece crítica. Pouco foi feito para atender os atingidos e atingidas e para compensar ou mitigar os incalculáveis impactos ambientais ao longo da Bacia do Rio Doce. A captação e a qualidade da água ainda continuam sendo um problema para os mais de 35 municípios atingidos. Órgãos públicos não têm sido capazes de fazer um monitoramento adequado de toda a água e lama em pontos diferentes da bacia e com regularidade, disponibilizando publicamente laudos efetivos sobre as condições da água e as possibilidades de contaminação. Deste modo, comunidades inteiras, pessoas que viviam da pesca e da agricultura perderam seu modo principal de reprodução econômica e social.
Agricultores familiares, quilombolas e indígenas ainda lutam para terem seus direitos reconhecidos e garantidos. Na maior parte dos distritos atingidos da Bacia do Rio Doce, a presença da Samarco é mais forte do que a de órgãos públicos, como Prefeituras Municipais, Defensoria e Ministério Públicos. Deste modo, a empresa encontra espaço para dividir comunidades e fazer valer as suas próprias leis. A própria empresa autora da tragédia é hoje responsável por definir quem serão as pessoas, atingidos e atingidas, que terão direito às indenizações.
O acordo assinado entre as empresas Samarco, Vale e BHP, os estados de Minas Gerais e Espírito Santo e governo federal foi fruto da força das empresas e do interesse do Estado em acelerar supostas medidas de reparação e esconder suas responsabilidades.. O Superior Tribunal de Justiça suspendeu esse acordo, mas a Samarco permanece tendo poder de definição das medidas a serem implementadas e quais pessoas serão contempladas por elas. (...)
Para, nós, da Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale é fundamental que:
(1) a Justiça Federal receba prontamente a denúncia apresentada pelo MPF e promova a ação penal de forma célere para que ao final sejam as pessoas físicas e jurídicas acusadas pelo MPF exemplarmente condenadas pelos crimes cometidos;
(2) a definição sobre quem foi atingido pelo crime e sobre a intensidade dos danos a serem reparados não fique a cargo das empresas tidas como responsáveis pela tragédia;
(3) a legislação nacional seja aprimorada a fim de que sejam reconhecidos os direitos dos atingidos e atingidas por projetos de mineração e barragens;
(4) o Estado brasileiro promova um novo modelo extrativo, com o protagonismo de comunidades e trabalhadores na definição dos ritmos, taxas e locais de mineração;
(5) seja reconhecido e definitivamente interrompido o modus operandi de violações sistemáticas de direitos comumente aplicado pela Vale e que também está presente no crime da Samarco/Vale/BHP;
(6) sejam tomadas medidas para evitar que outras Marianas aconteçam às escondidas ou “gota-a-gota”, nas diversas regiões do mundo onde a empresa Vale opera diretamente ou através de suas coligadas ou joint-ventures;
(7) não se permita que o interesse minerário se sobreponha a interesses verdadeiramente sociais como a reforma agrária, os direitos ao acesso à terra, à saúde, à moradia digna, de ir e vir, entre outros.
(8) sejam respeitados os direitos e aplicadas as normas previstas na Convenção nº169 da OIT, ratificada pelo Brasil há mais de 10 anos, em especial quanto à consulta para averiguação sobre o consentimento livre, prévio e informado. Isto para que populações atingidas por todo e qualquer empreendimento, inclusive minerário, possam intervir diretamente no projeto, inclusive na sua aprovação. Entendemos que o mecanismo de audiências públicas previsto na legislação ambiental, por si só, não se faz suficiente diante da maquiagem democrática plasmada nestas arenas como estratégia do capital econômico e do Estado para o represamento de diálogos críticos e combativos pelas populações atingidas;
(9) que o Estado brasileiro decrete a caducidade de todas as concessões minerárias e revogue todas as licenças ambientais concedidas à Samarco Mineração S.A. a fim de que ela jamais volte a operar no território nacional, uma vez já ter demonstrado não possuir condições mínimas para operar com segurança e tampouco para assumir a responsabilidade e remediar eficazmente os danos causados pelo trágico evento de 05 de novembro de 2015.
Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale S.A.
Em 05 de novembro de 2015 a vida de milhares de pessoas e comunidades foi profundamente violentada. A lama de minério da empresa Samarco (joint venture da Vale S.A. e BHP Billiton) destruiu casas, memórias, sonhos, modos de vida, relações sociais, causando o maior desastre socioambiental do Brasil. A lama da cobiça do lucro desenfreado ceifou a vida de 19 pessoas e modificou para sempre a realidade de milhares de pessoas que vivem de Mariana (MG) a Regência (ES).
Após um ano do crime da Samarco/Vale/BHP a situação permanece crítica. Pouco foi feito para atender os atingidos e atingidas e para compensar ou mitigar os incalculáveis impactos ambientais ao longo da Bacia do Rio Doce. A captação e a qualidade da água ainda continuam sendo um problema para os mais de 35 municípios atingidos. Órgãos públicos não têm sido capazes de fazer um monitoramento adequado de toda a água e lama em pontos diferentes da bacia e com regularidade, disponibilizando publicamente laudos efetivos sobre as condições da água e as possibilidades de contaminação. Deste modo, comunidades inteiras, pessoas que viviam da pesca e da agricultura perderam seu modo principal de reprodução econômica e social.
Agricultores familiares, quilombolas e indígenas ainda lutam para terem seus direitos reconhecidos e garantidos. Na maior parte dos distritos atingidos da Bacia do Rio Doce, a presença da Samarco é mais forte do que a de órgãos públicos, como Prefeituras Municipais, Defensoria e Ministério Públicos. Deste modo, a empresa encontra espaço para dividir comunidades e fazer valer as suas próprias leis. A própria empresa autora da tragédia é hoje responsável por definir quem serão as pessoas, atingidos e atingidas, que terão direito às indenizações.
O acordo assinado entre as empresas Samarco, Vale e BHP, os estados de Minas Gerais e Espírito Santo e governo federal foi fruto da força das empresas e do interesse do Estado em acelerar supostas medidas de reparação e esconder suas responsabilidades.. O Superior Tribunal de Justiça suspendeu esse acordo, mas a Samarco permanece tendo poder de definição das medidas a serem implementadas e quais pessoas serão contempladas por elas. (...)
Para, nós, da Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale é fundamental que:
(1) a Justiça Federal receba prontamente a denúncia apresentada pelo MPF e promova a ação penal de forma célere para que ao final sejam as pessoas físicas e jurídicas acusadas pelo MPF exemplarmente condenadas pelos crimes cometidos;
(2) a definição sobre quem foi atingido pelo crime e sobre a intensidade dos danos a serem reparados não fique a cargo das empresas tidas como responsáveis pela tragédia;
(3) a legislação nacional seja aprimorada a fim de que sejam reconhecidos os direitos dos atingidos e atingidas por projetos de mineração e barragens;
(4) o Estado brasileiro promova um novo modelo extrativo, com o protagonismo de comunidades e trabalhadores na definição dos ritmos, taxas e locais de mineração;
(5) seja reconhecido e definitivamente interrompido o modus operandi de violações sistemáticas de direitos comumente aplicado pela Vale e que também está presente no crime da Samarco/Vale/BHP;
(6) sejam tomadas medidas para evitar que outras Marianas aconteçam às escondidas ou “gota-a-gota”, nas diversas regiões do mundo onde a empresa Vale opera diretamente ou através de suas coligadas ou joint-ventures;
(7) não se permita que o interesse minerário se sobreponha a interesses verdadeiramente sociais como a reforma agrária, os direitos ao acesso à terra, à saúde, à moradia digna, de ir e vir, entre outros.
(8) sejam respeitados os direitos e aplicadas as normas previstas na Convenção nº169 da OIT, ratificada pelo Brasil há mais de 10 anos, em especial quanto à consulta para averiguação sobre o consentimento livre, prévio e informado. Isto para que populações atingidas por todo e qualquer empreendimento, inclusive minerário, possam intervir diretamente no projeto, inclusive na sua aprovação. Entendemos que o mecanismo de audiências públicas previsto na legislação ambiental, por si só, não se faz suficiente diante da maquiagem democrática plasmada nestas arenas como estratégia do capital econômico e do Estado para o represamento de diálogos críticos e combativos pelas populações atingidas;
(9) que o Estado brasileiro decrete a caducidade de todas as concessões minerárias e revogue todas as licenças ambientais concedidas à Samarco Mineração S.A. a fim de que ela jamais volte a operar no território nacional, uma vez já ter demonstrado não possuir condições mínimas para operar com segurança e tampouco para assumir a responsabilidade e remediar eficazmente os danos causados pelo trágico evento de 05 de novembro de 2015.
Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale S.A.
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
Um alerta das Pastorais Sociais
Compartilho com você esse texto lúcido e profético.
Nota da Comissão Episcopal
Pastoral Para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz
SCJP - Nº. 0683 /16
SCJP - Nº. 0683 /16
“Nenhuma família sem
casa,
Nenhum camponês sem terra,
Nenhum trabalhador sem direitos,
Nenhuma pessoa sem dignidade”.
Papa Francisco.
Nenhum camponês sem terra,
Nenhum trabalhador sem direitos,
Nenhuma pessoa sem dignidade”.
Papa Francisco.
Nós, Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da
Justiça e da Paz, e bispos referenciais das Pastorais Sociais, da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil, reunidos em Brasília, nos dias 18 e 19 de
outubro de 2016, manifestamos nossa preocupação com o cenário de retrocessos
dos direitos sociais em curso no Brasil.
Entendemos que as propostas de reforma trabalhista e
terceirização, reforma do Ensino Médio, reforma da Previdência Social e,
sobretudo, a Proposta de Emenda Constitucional, PEC 241/2016, que estabelece
teto nos recursos públicos para as políticas sociais, por 20 anos, colocam em
risco os direitos sociais do povo brasileiro, sobretudo dos empobrecidos.
Em sintonia com a Doutrina Social da Igreja Católica, não se
pode equilibrar as contas cortando os investimentos nos serviços públicos que
atendem aos mais pobres de nossa nação. Não é justo que os pobres paguem essa
conta, enquanto outros setores continuam lucrando com a crise.
Afirmamos nossa solidariedade com os Movimentos Sociais,
principalmente de trabalhadores e trabalhadoras, e com a juventude, que
manifestam seu descontentamento com as propostas do governo, bem como todas as
organizações que lutam na defesa dos direitos da população.
Encorajamos as Pastorais Sociais a participarem, com os demais
movimentos e organizações populares, na defesa das conquistas sociais
garantidas na Constituição Federal de 1988, na qual a CNBB tanto se empenhou no
final da década de 1980. Não desanimemos diante das dificuldades. Somos povo da
esperança!
Com compromisso profético, denunciamos, como fez o Profeta Amós:
“Eles vendem o justo por dinheiro, o indigente, por um par de sandálias;
esmagam a cabeça dos fracos no pó da terra e tornam a vida dos oprimidos
impossível” (Am 2,6-7).
O Espírito do Senhor nos anima no serviço da Caridade, da
Justiça e da Paz. Com Maria cantamos a grandeza de Deus que “derruba os
poderosos de seus tronos e exalta os humildes; enche de bens os famintos e
manda embora os ricos de mãos vazias” (Lc 1, 51s).
Brasília, 19 de Outubro de 2016.
Dom Guilherme Werlang
Bispo de Ipameri - GO
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para
o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para
o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
quarta-feira, 24 de agosto de 2016
quarta-feira, 13 de julho de 2016
Esperanças e caminhos da Vida Consagrada em tempos de Francisco
http://pt.slideshare.net/AfonsoMurad/esperanas-e-caminhos-da-vida-consagrada-em-tempos-de-francisco
Esperanças e Caminhos da Vida Consagrada (Irmã Annette)
1. Memória
dos nossos passos no processo da assembleia.
"Nós fomos às fontes da nossa
esperança com a profunda interpelação do lema: “Vejam: estou fazendo coisas
novas” Is 43, 19.
Agora nossa equipe esta
pedindo olhos novos para enxergar o que esta brotando... Pois como todos sabem,
enxergar é um processo seletivo: escolhemos enxergar o novo!
Isso é coisa de místico,
engajado numa mística de olhos abertos!
Isso também é coisa de profeta,
que indica caminhos... Em particular é coisa de profeta dos tempos de crise.
Quando os poucos caminhos se fecham, ele levanta a esperança do povo com setas
que abrem mil novas trilhas. E já aprendemos que nós não podemos separar a
mística e a profecia, já que seus sangues se misturam em nosso carisma de
consagrad@s.
Para mim, é muito
significativo que essas palavras proféticas do “Segundo Isaias”, como é
chamado, sejam atribuídas pelos exegetas a levitas exilados no meio do povo, na
Babilônia. Não levitas decadentes, reduzidos a arquissacristãos do templo,
daqueles que passam ao lado das pessoas acidentadas sem se comover, mas levitas
centrados em sua vocação, precursora da nossa: sem patrimônio porque Javé é sua
parte de herança e a missão deles é estar presentes na itinerância, para cuidar
do povo!
Ora, cuidar do povo, em tempos
de crise e de caos, significa: levantar sua esperança, apontar
sinais de vida, indicar trilhas que encaminhem o povo de volta para sua terra,
sua casa, sua fé!
Há uma esperança sim, porque
Deus faz coisas novas, somente Ele pode fazê-las.
Mas nós devemos nos dispor
para travessias, para arriscar, abrir e seguir novas trilhas.
A Palavra dos profetas do
exílio nos oferece duas certezas. Não científicas, mas vindo do
saber-sabor-sabedoria que brota do coração conectado com a Palavra: como será
nosso futuro?
Será
no deserto!
Não
faltará água!
É o suficiente para avançar por novas trilhas,
corajosamente!
2. Convite
a tomar atitude!
Jovens ecoaram os gritos e as
percepções das novas gerações, o irmão Murad colocou novos sinais diante dos
nossos olhos. Parece que a mim cabe, pelo menos é o que me diz minha intuição,
impulsionar a VC para tomar atitude, atitude profética!
Não basta constatar: “É, isso
provavelmente é o caminho”, é preciso se por em marcha, enfrentar com
estilo! O que nos caracteriza como VC não é tão somente quem somos, o
que fazemos, é a força do como o fazemos, do estilo de viver o
seguimento missionário de Jesus, em comunidades de vida, de fé, de profecia.
Viver de tal modo que nossas pessoas, comunidades e ações sejam amostras grátis
do amor misericordioso de Jesus!
Se a essência do evangelho é: novas
relações são possíveis, entre nós, com Deus, com o cosmo... até com a
nossa própria pessoa, então já pensou na originalidade bombástica de escolher
viver em comunidades de fé, resgatando a prioridade das relações e expandindo
isso no meio do povo, por meio do carisma... a começar pelos últimos?
No ano da VRC o papa Francisco pedia numa oração:
“Infundi Senhor, nos consagrados e
consagradas,
a bem aventurança dos pobres
para que caminhem nas sendas do Reino.
Dá-lhes um coração consolador
para que enxuguem as lágrimas dos últimos.”
Por isso desejo me colocar de
pé, aqui e agora, e olhar o mundo com os olhos de uma mulher pobre, já
bem vivida, mas resiliente porque movida a mística, a missão, a misericórdia.
Uma mulher esperançosa, não porque que seus projetos vão dar certo, mas porque
ela tem muita vida para partilhar! Porque ainda é capaz, como Isabel, de gerar
na velhice, de acolher e confirmar o sim trêmulo das novas gerações,
impulsionando-as a cantar seu magnificat! Como uma mulher pobre e esperançosa
olha para os sinais de vida que foram levantados? É o que vou tentar dizer agora!
3. Retomando
setas que indicam caminhos no deserto.
Indicarei sete trilhas e darei
para cada uma um exemplo vivencial de como tomar uma atitude que creio, ou pelo
menos estou intuindo seja profética.
1) O
carisma da VC como tal e não a preocupação doentia com o marketing
vocacional para a sobrevivência da nossa congregação. O mais urgente aqui,
diante da sombra da pedofilia desacreditando o rosto da Igreja, é recuperar o brilho
do celibato livremente escolhido “para estar lá para todos” na
gratuidade de relações autênticas. Não que haja uma relação de causa a efeito
entre celibato e pedofilia, mas é antídoto e profecia frente a tamanha
deturpação nas relações. É tarefa
principalmente para nós mulheres consagradas, entre nós e no apoio ao celibato
dos nossos irmãos religiosos!
Ø Em pleno campo de concentração onde iria
morrer dentro de poucos dias, Edith Stein colocava as crianças no colo e
penteava seus cabelos porque as mães não tinham mais coragem de fazê-lo. Santa
Edith Stein, Benedita da cruz, seta a indicar gestos de esperança.
2) O
resgate da ecologia, sobretudo nas suas dimensões social, espiritual e
integral. A VRC precisa fica atenta a o que polui o santuário interior das
pessoas e suas relações.
Ø Encontrei Ana Luiza em Salvador da Bahia,
tive a alegria de partilhar um almoço com ela. Ela tem 8 anos, é muito tímida e
disse-me que queria ser psicóloga. Quando indaguei o que ela faria então ela
disse: as pessoas vão me falar, e eu vou escutar e não poderei dizer a ninguém
o que falaram e elas vão ficar bem. Ana Luiza, seta a intuir o modo-de-ser-cuidado
e não apenas o modo-de-ser-trabalho.
3) O
cuidado com os mais vulneráveis, dentro e fora da comunidade. Porque este é
nosso carisma fundacional, nos gritos específicos que fundadores e fundadoras
ouviram e atenderam. Porque é o bioma, o ecossistema em que nascemos!
Ø As irmãs da minha congregação da província
do Ruanda decidiram oferecer seus serviços num campo de refugiados na África do
Leste. Resposta dos responsáveis pelo
campo: “Irmãs, já temos gente para organizar, mas por favor, fiquem cuidando
dos mais vulneráveis: crianças e idosos! ” Minhas irmãs da África, seta a
lembrar a nossa opção preferencial como VRC.
4) A
reafirmação do nosso ser apostólico como itinerância na leveza. Não a zona de
conforto, ao seguro que morre de velho, a instituição pesada que ofusca o
brilho do carisma.
Ø Nos momentos de terremoto, epidemias ou
guerras, temos os “Médicos sem fronteira”. Porque não temos mais equipes
intercongregacionais de “Freiras sem fronteiras”? Quem escuta a angústia das
mães - só no Nordeste são mais de mil - que estão com um bebe vítima da
microcefalia nos braços? Médicos sem fronteiras, seta a perturbar nosso
comodismo.
5) A
confiança nas novas gerações da VRC. Só há futuro para a VRC se houver, entre
suas várias gerações, apreço mútuo e apreço pelos valores identitários e não
apenas apego ou rejeição em relação a rotinas obsoletas.
Ø Eis um sonho contado por uma jovem
religiosa, durante um retiro: “Havia acontecido um terremoto. O grupo estava
preparando um plano de ação para socorrer os sobreviventes. Tratava-se de
ajudar quem aparecesse sem buscar por ninguém, nem ir atrás de membros da nossa
família. Eu era a mais jovem e estava lá para aprender, pois nunca tinha sido
socorrista. Mas eu me angustiava porque éramos poucos... também achava absurdo
o modo de agir! Achava que deveríamos sair, e ir ao encontro deles antes que
seja tarde! Queria brigar por outro plano, usar o carro, meios de comunicação!
Fiquei angustiada até o momento que partilhei o sonho e entendi melhor o que se
passava em mim! ” Clara expressão da sua vocação, do seu desejo fundante, mas
também questionamento e angústia diante do modo de fazer dos mais
“experimentados”! Jovens religiosos e religiosas, seta a nos gritar: outro
jeito de estar em missão é urgente!
6) A
solidariedade com as mulheres e crianças traficadas. Que
importância damos ao trabalho da rede “Um grito pela vida”?
Ø Durante a novena da padroeira, a irmã Joana,
para questionar o povo, colocou uma jaula na praça da catedral, com o material
da campanha “Um grito pela vida”. Duas aspirantes se ofereceram para sentar na
jaula, amordaçadas. O povo olhava e dizia: que bonito, as meninas das irmãs
tomaram o lugar das mulheres traficadas! Empatia entre mulheres consagradas e
mulheres abusadas ou em situação de risco, seta a nos desafiar para uma nova
solidariedade.
7) Simplicidade
voluntária. Estamos dispostas a ressignificar o mal chamado voto de
pobreza para adotar um estilo de vida pautado a descomplicação, simplificação exterior,
mas também interior, decidindo viver simples para que outros simplesmente
possam sobreviver e Deus possa nos invadir? Isso é a raiz da alegria genuína,
aquela que nos faz passar do prazer de consumir ou de ser bem sucedid@s para o
entusiasmo de se envolver na missão, de descobrir novas trilhas, de ler sinais
com olhos pascais, de enxergar finalmente que vale a pena viver em comunidades
de consagrad@s, discípul@s missionári@s!
Ø O exemplo final será a poesia-parábola do
caroço de manga:
“Plantei um caroço de manga. Quebrei sua
casca dura e o enterrei.
O caroço reclamou, chorou, sentiu medo.
Mas a terra o embalou dizendo: Não se
preocupe: você vai morrer!
Mas há vida em você, você vai dar um novo pé
de manga! ”
Caroço de manga:
seta que nos convida a uma conversão profética: quebrar a casca dura do
coração, acreditar em novas germinações!
“Eis
que faço coisas novas, será no deserto, mas não vos faltará água!
Vocês
estão enxergando o que eu faço com fé e com olhos pascais?”
Marcadores:
CRB,
Esperanças e caminhos da Vida Consagrada,
Irmã Anette
domingo, 5 de junho de 2016
domingo, 15 de maio de 2016
quinta-feira, 12 de maio de 2016
Sem ódio, lutando pela justiça
Compartilho este artigo de Roberto Malvezzi (Gogó), neste tenebroso dia em que suspenderam a presidente Dilma.
Os que disseminaram o ódio até ontem, hoje amanheceram pedindo paz e reconciliação. O mote instrumentalizado foi o pronunciamento do Papa Francisco que “disse estar rezando pela paz e harmonia no Brasil”. Na verdade, o Papa tinha acabado de receber Letícia Sabatella, como representante dos movimentos populares. Uma das preocupações dela dita ao Papa, mas já tantas vezes expressa por ela em outras circunstâncias, “é a do ódio, da raiva, que tomou conta do Brasil”.
Os cristãos – tento ser um deles – não tem direito ao ódio, à vingança ou à retaliação. Jesus disse que o distintivo de um cristão “é o amor ao inimigo”. Não pode haver desafio maior para um ser humano, ainda mais num momento como esse. Entretanto, ele mesmo nos proibiu a prática das injustiças, ou a conivência com elas, ou a compactuação com o mal em geral. Então, essa distinção fina entre o ódio e a indignação é um dom o Espírito Santo, dimensão do dom do discernimento.
Já diziam os profetas bíblicos que “a paz é fruto da justiça”. A verdadeira reconciliação não é um acordo de gabinete, nem um acerto nos moldes Herodes e Herodíades sobre a cabeça de João Batista.
A verdadeira reconciliação só é possível com a superação das injustiças. Portanto, traduzindo para os dias atuais, não é possível a reconciliação brasileira enquanto não houver reconhecimento dos direitos de todos os brasileiros, a partir dos historicamente excluídos, como negros, índios, pobres, mulheres e as novas demandas da sociedade contemporânea.
Não é possível a reconciliação verdadeira com golpes, com a subtração dos direitos dos aposentados, dos trabalhadores, sem o saneamento, sem habitação digna para todos, sem o respeito pela pluralidade. ¬¬Ou como disse Francisco em outra ocasião, o mínimo é “com terra, com teto, com trabalho”.
A história do Brasil não terminou no dia 11 de Maio de 2016. O próprio tempo se encarrega de derrotar os que se julgam vitoriosos. Prossigamos sem ódio, mas sem conivência, submissão ou bajulação. Aí sim, que Nossa Senhora Aparecida nos ajude para encontrarmos a verdadeira reconciliação a partir da superação das injustiças.
Os que disseminaram o ódio até ontem, hoje amanheceram pedindo paz e reconciliação. O mote instrumentalizado foi o pronunciamento do Papa Francisco que “disse estar rezando pela paz e harmonia no Brasil”. Na verdade, o Papa tinha acabado de receber Letícia Sabatella, como representante dos movimentos populares. Uma das preocupações dela dita ao Papa, mas já tantas vezes expressa por ela em outras circunstâncias, “é a do ódio, da raiva, que tomou conta do Brasil”.
Os cristãos – tento ser um deles – não tem direito ao ódio, à vingança ou à retaliação. Jesus disse que o distintivo de um cristão “é o amor ao inimigo”. Não pode haver desafio maior para um ser humano, ainda mais num momento como esse. Entretanto, ele mesmo nos proibiu a prática das injustiças, ou a conivência com elas, ou a compactuação com o mal em geral. Então, essa distinção fina entre o ódio e a indignação é um dom o Espírito Santo, dimensão do dom do discernimento.
Já diziam os profetas bíblicos que “a paz é fruto da justiça”. A verdadeira reconciliação não é um acordo de gabinete, nem um acerto nos moldes Herodes e Herodíades sobre a cabeça de João Batista.
A verdadeira reconciliação só é possível com a superação das injustiças. Portanto, traduzindo para os dias atuais, não é possível a reconciliação brasileira enquanto não houver reconhecimento dos direitos de todos os brasileiros, a partir dos historicamente excluídos, como negros, índios, pobres, mulheres e as novas demandas da sociedade contemporânea.
Não é possível a reconciliação verdadeira com golpes, com a subtração dos direitos dos aposentados, dos trabalhadores, sem o saneamento, sem habitação digna para todos, sem o respeito pela pluralidade. ¬¬Ou como disse Francisco em outra ocasião, o mínimo é “com terra, com teto, com trabalho”.
A história do Brasil não terminou no dia 11 de Maio de 2016. O próprio tempo se encarrega de derrotar os que se julgam vitoriosos. Prossigamos sem ódio, mas sem conivência, submissão ou bajulação. Aí sim, que Nossa Senhora Aparecida nos ajude para encontrarmos a verdadeira reconciliação a partir da superação das injustiças.
domingo, 24 de abril de 2016
sábado, 9 de abril de 2016
domingo, 3 de abril de 2016
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