Eu estava num encontro de religiosas, em Salvador. Uma Irmã alemã, muito lúcida, levantou-se e disse: “As nossas jovens hoje vêem o mundo com três telas”. E explicou: A tela do computador, a tela da Televisão... Enquanto ela respirava, passei na mente com rapidez a pergunta: “E qual será a terceira?” Ela acrescentou: “A terceira tela é o espelho”.
Penso que este fenômeno, embora toque mais de perto os jovens, contagia uma parcela crescente da população, inclusive quem lê agora este texto do blog. E cada tela tem um verso e um reverso ético. A informática, especialmente pela Internet, nos abre possibilidades inusitadas de acessar informações de todo o mundo, com rapidez incrível. Favorece a criação de comunidades e redes virtuais, enlaçadas a partir de múltiplos interesses. Com a crescente inclusão digital, a internet possibilita a criação de um planeta de fato global, para além das fronteiras locais. É fantástico ver o mundo com a tela do computador. Abrir múltiplas janelas de edição de texto, jogos, planilhas, clips, edição de fotos....
Mas o mundo virtual tem o seu perigo. Ele pode se tornar um pseudo-mundo, o das simulações, o da imagem que se sobrepõe à realidade e cria um simulado que parece melhor que o real. O cyber-espaço do exibicionismo e das redes de pornografia aprisiona milhares de pessoas. Cria-se um canal de futilidades, uma droga que atordoa as consciências.
Algo semelhante acontece com a tela da TV. Cada vez mais, na sociedade brasileira, o que não aparece na televisão simplesmente não existe. O real é aquilo que se torna movimento visível na telinha. Além disso, a TV é mais elitizada que a Internet, no que diz respeito à produção e divulgação da informação, pois é refém do poder econômico e dos políticos. Em contrapartida, a televisão é um dos poucos espaços baratos de entretenimento. Dramas, comédias, noticiários, documentários, as famosas novelas, tudo isso nos abre também mundos. E nos faz ver o nosso próprio mundo, embora com os olhos dos outros.
Por fim, o espelho, outra tela ambivalente. De um lado, como é bom se ver no espelho, reconhecer-se, olhar a própria face. E, a partir da imagem invertida, poder cuidar de si. De outro lado, o espelho é o instrumento que literalmente define o narcisista. A pessoa narcisista olha para si a partir de si, como se o mundo não passasse dos estreitos espaços de seu próprio umbigo. Com ou sem piercing.
As três telas, do computador, da televisão e do espelho, oferecem riscos e oportunidades. São ambivalentes como quem as criou e delas se alimenta. Talvez o grande problema é que as pessoas olhem o mundo somente com estas telas. O terrível é quando a tela substitui o olhar livre e soberano da pessoa. E quanto mais acessos diversificados tivermos para ver o mundo, mais completo e tolerante será nosso olhar.
Creio que falta, no mínimo, uma quarta tela. O filósofo judeu-francês Emanuel Levinás dizia que o ser humano só se reconhece no olhar do outro. E aí reside o fascínio e as imensas possibilidades da relação interpessoal, que se abre para o comunitário e o social. Reconhecer-se no olhar, no sorriso, nas angústias, nas esperanças que são tecidas nas relações vivas e diretas entre as pessoas é maravilhoso e desafiador. As telas se completam com as teias. As imagens, com as relações vivas e calorosas. Então, faço um convite a você: Vamos ver o mundo com várias telas e tecer muitas teias de vida?
Penso que este fenômeno, embora toque mais de perto os jovens, contagia uma parcela crescente da população, inclusive quem lê agora este texto do blog. E cada tela tem um verso e um reverso ético. A informática, especialmente pela Internet, nos abre possibilidades inusitadas de acessar informações de todo o mundo, com rapidez incrível. Favorece a criação de comunidades e redes virtuais, enlaçadas a partir de múltiplos interesses. Com a crescente inclusão digital, a internet possibilita a criação de um planeta de fato global, para além das fronteiras locais. É fantástico ver o mundo com a tela do computador. Abrir múltiplas janelas de edição de texto, jogos, planilhas, clips, edição de fotos....
Mas o mundo virtual tem o seu perigo. Ele pode se tornar um pseudo-mundo, o das simulações, o da imagem que se sobrepõe à realidade e cria um simulado que parece melhor que o real. O cyber-espaço do exibicionismo e das redes de pornografia aprisiona milhares de pessoas. Cria-se um canal de futilidades, uma droga que atordoa as consciências.
Algo semelhante acontece com a tela da TV. Cada vez mais, na sociedade brasileira, o que não aparece na televisão simplesmente não existe. O real é aquilo que se torna movimento visível na telinha. Além disso, a TV é mais elitizada que a Internet, no que diz respeito à produção e divulgação da informação, pois é refém do poder econômico e dos políticos. Em contrapartida, a televisão é um dos poucos espaços baratos de entretenimento. Dramas, comédias, noticiários, documentários, as famosas novelas, tudo isso nos abre também mundos. E nos faz ver o nosso próprio mundo, embora com os olhos dos outros.
Por fim, o espelho, outra tela ambivalente. De um lado, como é bom se ver no espelho, reconhecer-se, olhar a própria face. E, a partir da imagem invertida, poder cuidar de si. De outro lado, o espelho é o instrumento que literalmente define o narcisista. A pessoa narcisista olha para si a partir de si, como se o mundo não passasse dos estreitos espaços de seu próprio umbigo. Com ou sem piercing.
As três telas, do computador, da televisão e do espelho, oferecem riscos e oportunidades. São ambivalentes como quem as criou e delas se alimenta. Talvez o grande problema é que as pessoas olhem o mundo somente com estas telas. O terrível é quando a tela substitui o olhar livre e soberano da pessoa. E quanto mais acessos diversificados tivermos para ver o mundo, mais completo e tolerante será nosso olhar.
Creio que falta, no mínimo, uma quarta tela. O filósofo judeu-francês Emanuel Levinás dizia que o ser humano só se reconhece no olhar do outro. E aí reside o fascínio e as imensas possibilidades da relação interpessoal, que se abre para o comunitário e o social. Reconhecer-se no olhar, no sorriso, nas angústias, nas esperanças que são tecidas nas relações vivas e diretas entre as pessoas é maravilhoso e desafiador. As telas se completam com as teias. As imagens, com as relações vivas e calorosas. Então, faço um convite a você: Vamos ver o mundo com várias telas e tecer muitas teias de vida?