Numa paróquia central de grande cidade, cercada de prédios comerciais e alguns edifícios residenciais, o padre resolveu comprar uns enormes sinos e colocá-los na torre da igreja.
Durante a reunião do conselho paroquial, o jovem sacerdote comunicou sua decisão aos leigos. A perplexidade tomou conta do grupo. “O senhor ganhou os sinos de presente?”, perguntou um bajulador, para tentar dissipar o mal estar. O padre lhe respondeu: “Não, absolutamente. Eles virão da Itália. Vamos pagá-los com o dinheiro do caixa da paróquia. E vai custar....”. Quando os leigos escutaram o preço, veio um sentimento de indignação.
Seu Pedro, homem sensato, pediu a palavra: “Padre João! Eu creio que nós devemos pensar sobre o que irá trazer bem maior para os nossos paroquianos. O sino pode ser bonito e vistoso, mas aqui, no centro da cidade, ninguém vai ouvi-lo. Vai ficar como um objeto de enfeite”. A discussão continuou acalorada. Alguns defendiam a compra dos sinos, lembrando com saudades dos bons tempos em que moravam no interior e os sinos ecoavam por todo o vilarejo.
Então Dona Mariana, que coordena a equipe de liturgia, disse: “Faz quase um ano que pedimos para melhorar o som da nossa Igreja. Os técnicos mostraram que o microfone está velho, o amplificador é fraco e as duas caixas acústicas são insuficientes para alcançar as 500 pessoas que vêm às missas dominicais. Fizemos três orçamentos, mas não tomamos a decisão. Proponho que, com esse dinheiro, renovemos o nosso sistema de som. O sino pode esperar. O som, não. Afinal, o povo precisa compreender o que se diz na missa, para celebrar bem e alimentar sua fé!”. Fez-se um longo silêncio. E após muita discussão, o padre e o conselho decidiram instalar um novo sistema de som da Igreja.
Este fato revela como gestão e espiritualidade estão presentes no cotidiano da ação evangelizadora. Sob o ângulo da gestão, é fundamental “manter o foco no seu público-alvo”. Os investimentos e os recursos devem ser dirigidos, em primeiro lugar, para as atividades que beneficiem diretamente seus interlocutores e tragam resultados visíveis. Neste caso, um sistema de som eficiente visa melhorar a comunicação e aumentar o envolvimento da comunidade nas celebrações litúrgicas. Um sino tem seu lugar, mas neste momento não é prioritário. Ser gestor significa continuamente fazer escolhas, ponderar antes das decisões, levar em conta a relação custo x benefício. Uma gestão participativa tem possibilidade de ser mais eficaz, pois reúne diferentes pontos de vista, para alcançar melhores resultados.
Olhando o mesmo fato, sob o ângulo da espiritualidade, dizemos: o que orienta ação da Igreja é o desejo de que Jesus seja conhecido, amado e seguido. O foco na evangelização leva a edificar a Igreja como comunidade de irmãos e irmãs. Por isso, as decisões são amadurecidas à luz da fé, na escuta dos apelos do Espírito de Deus na nossa realidade. O discernimento leva a purificar as motivações e a buscar “o maior bem possível” da comunidade cristã.Assim, a espiritualidade ilumina as mentes e os corações no âmbito das motivações e dos valores, enquanto a gestão serve para alcançar resultados, com eficácia.
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