Fui convidado por Dom Edgar, bispo maronita do Brasil, a participar do programa "Memórias do Líbano", na TV Canção Nova. No primeiro programa, falamos sobre os diferentes sentidos que a festa da Transfiguração assume no rito maronita e no rito latino. Aprendi coisas lindas, como a tradição do fogo, ligada a esta festa, para manifestar a energia e luz de Deus que transparece em Jesus.
Sou de origem libanesa. Meu pai, Victor Murad, já falecido, veio do Líbano com seus vinte anos, em busca de melhoria de vida para si e seus parentes que ficaram na terra natal. Minha mãe, Aypha, hoje com mais de 80 anos e de uma vitalidade incrível, é brasileira e filha de libaneses.
Na minha infância e adolescência respirei, simultaneamente, os ares da cultura brasileira e da libanesa. E assim constituí minha identidade.
Recordo-me que certa vez, quando estudava na Alemanha, convivi por um breve período com um jovem padre libanês, que também veio aprender a língua de Goethe. Em certo momento, ao ver minha forma de agir, de gesticular e de ver o mundo, ele me disse: "Você é mais libanês do que imagina".
Sem distinguir bem o que tenho de brasileiro e de libanês, o que importa hoje é me compreender num contexto de multiculturalidade. Ou seja, de me perceber igual e distinto, partilhando de forma própria aquilo que constitui nossa condição comum de seres humanos e de cristãos: peregrinos neste mundo belo e confuso, seguidores de Jesus e cidadãos planetários.
Semana que vem tem mais um programa. Desta vez, irei falar mais de minhas lembranças familiares e da visita que fiz ao Líbano. Boas e felizes memórias...
2 comentários:
legal, Murad.
Gostei do programa.
Primo, gostei muito.
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