sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

CNBB e a Conferência do Clima

A CNBB publicou nota convocando os cristãos católicos a fazerem gestos concretos de apoio e mobilização em vista da Conferência do Clima. Veja, divulgue e faça algo em sua comunidade no próximo final de semana.
Nos dias 7 a 18 de dezembro, realiza-se a Conferência da ONU sobre Meio Ambiente - COP 15, em Copenhague. As decisões que serão tomadas pelos governantes terão impacto no futuro da humanidade e em todas as formas de vida no Planeta.
Considerando a importância dessa Conferência, bem como a urgência do tema em pauta, nós bispos do Conselho Episcopal de Pastoral (CONSEP), reunidos em Brasília, nos unimos ao apelo global direcionado aos líderes mundiais, exigindo um acordo corajoso com metas necessárias e mensuráveis na emissão de poluentes. Esperamos igualmente que as populações mais vulneráveis afetadas pelas mudanças climáticas recebam os recursos necessários para a sua adaptação e o seu desenvolvimento sustentável.

Diante da declaração de intenção do Governo brasileiro em diminuir, até 2020, em 38% a emissão de gases que provocam aquecimento da Terra, e a redução de 80% do desmatamento da Amazônia, manifestamos a nossa expectativa para que essas metas sejam acompanhadas por políticas nacionais coerentes, que promovam a sustentabilidade do desenvolvimento humano, especialmente das populações mais empobrecidas e a integridade da criação, em obediência aos seguintes princípios:
· O reconhecimento da água como direito humano, bem público e patrimônio de todos os seres vivos, com a conseqüente implementação de políticas hídricas que priorizem o ser humano e a dessedentação dos animais;
· A implementação de uma ampla política de reforma agrária e agrícola com uma justa distribuição da terra, em favor das unidades familiares e comunitárias, mais produtivas por hectare, geradoras de oportunidade de trabalho, produtoras de alimentos, em consonância com o meio ambiente;
· O aprimoramento e a implementação do Plano Nacional de Mudanças do Clima (PNMC), que orientem de modo adequado e coerente outros planos e iniciativas governamentais;
· A opção por uma matriz energética limpa e diversificada, junto com um maior investimento tecnológico e atenção à sabedoria e ás práticas das populações tradicionais;
· A manutenção do código florestal e a busca de mecanismo de incentivo para a sua implementação;
· Transparência e controle social sobre os investimentos públicos e privados para que as políticas de Reduções de Emissões Associadas ao Desmatamento e à Degradação Florestal (REDD) não sejam regidos pelos interesses do mercado.

Movidos pelos gritos da Terra e dos seus filhos e filhas especialmente, dos mais empobrecidos, conclamamos as nossas comunidades eclesiais a realizarem nos dias 12 e 13 de dezembro próximo, atos que sinalizem nossa preocupação com as decisões que serão tomadas na Conferência de Copenhague. “Antes que seja tarde demais, precisamos fazer escolhas corajosas, que possam restabelecer uma forte aliança entre o ser humano e a Terra” (Papa Bento XVI, discurso em Loreto).
Como gesto concreto, sejam promovidos debates, orações e vigílias junto com iniciativas de outras Igrejas e organizações sociais, Em consonância com a iniciativa das Igrejas de outros Continentes, incentivamos que se dêem 350 repiques de sino, às 12 horas do próximo dia 13 de dezembro. Este gesto simbólico visa alertar os governos a não permitirem que se ultrapassem 350 partes por milhão (PPM), limite máximo e seguro de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, conforme atestam os cientistas que estudam o clima.
Que as celebrações do Advento nos coloquem em vigilante atitude na defesa e promoção da vida na Terra.
Brasília, DF, 10 de dezembro de 2009.
Dom Geraldo Lyrio Rocha (Presidente da CNBB)
Dom Luiz Soares Vieira (Vice-Presidente)
Dom Dimas Lara Barbosa (Secretário-Geral)

sábado, 14 de novembro de 2009

Jornada Teológica Latino-americana

No final de outubro, estive em Santiago do Chile, a convite da coordenação de “Ameríndia”, para contribuir na Jornada Teológica Latino-americana, que aconteceu naquela cidade.
Tive um primeiro contato com “Ameríndia”, grupo de teólogos e pastoralistas empenhados em fortalecer a fé encarnada em nosso continente, durante o Fórum Internacional de Teologia e Libertação, em Belém, no início deste ano. Na ocasião, apresentei o tema “Interfaces da Teologia com a Ecologia”. Alguns membros viram minha apresentação e perceberam que o tema da Ecologia devia ganhar mais destaque nas atividades da Ameríndia. Então, daí nasceu o convite para escrever um capítulo sobre “Ecologia a partir do Documento de Aparecida”, para um livro que apresenta várias faces pastorais a partir do referido documento. Ele já foi publicado na Colômbia, por Paulus, com o nome: “La missión em Questión”. A versão brasileira virá em breve.
A Jornada Teológica no Chile é a primeira de uma série que acontecerá em várias partes do nosso continente. Ela ganhou um sabor especial, devido à comemoração dos 80 anos de Sérgio Silva, teólogo da libertação chileno, que tem uma longa e bela história de reflexão, luta e compromisso com a formação de cidadãos à luz da fé. Sérgio é sobretudo uma figura original. Sempre de bom humor, conta piadas e recorda fatos pitorescos, provocando gargalhadas em seus interlocutores.
Esta Jornada Teológica foi dirigida simultaneamente a distintos públicos. Para os professores de Teologia havia um conjunto de atividades específicas, em forma de conferências e debates, na Universidade Católica, sob o título de: “Sinais dos Tempos e método teológico”. Havia também uma palestra a cada noite, destinada ao grande público, na sede da Conferência dos Religiosos do Chile (CONFERRE). Já agentes de pastoral, padres, religiosos e leigos podiam se inscrever em um seminário temático, com duração de dois dias, no Instituto de Teologia Alfonsiano, dos redentoristas. Ofereceram-se os seguintes seminários: “Leitura comunitária da Bíblia. Orientações de Aparecida”, “Comunidades Eclesiais de Base. Novo impulso a partir de Aparecida”, “Teologia e Povos indígenas à luz de Aparecida” e “Ecologia e Teologia. Uma reflexão a partir de Aparecida”.

A mim coube a tarefa de apresentar três temas no seminário de Ecologia e Teologia: “Ecologia: Panorama e conceitos”, “Teologia e Ecologia: reflexão bíblico-teológica”, e “Aspectos práticos da ecologia a partir do Documento de Aparecida”. Estava comigo Dom Demétrio Valentim, bispo de Jales (SP), que teve uma atuação importante na Assembléia de Aparecida, sobretudo quanto à questão da ecologia e da Amazônia.
Participaram do seminário umas trinta pessoas, que atuavam em diferentes espaços de pastoral e iniciativas socioambientais. Entre eles: grupos de “Paz e Ecologia” de diferentes congregações religiosas, membros de pastorais sociais, religiosas inseridas, participantes de movimentos ecológicos em defesa da Patagônia Chilena e das Águas, e educadores populares.Foi uma experiências enriquecedora para mim. Tive ocasião de partilhar o resultado de meus estudos sobre “Ecologia e Fé”. E senti-me fortalecido, ao ouvir o testemunho de várias pessoas, em outro país, que partilham comigo do mesmo sonho e da mesma causa: um mundo inclusivo, fraterno e sustentável.

domingo, 25 de outubro de 2009

Dom Oscar Romero: lembranças

Em meados de Outubro, estive em El Salvador, para conhecer de perto a vida e a obra de Dom Oscar Romero. Havia assistido antes o filme “Romero”, que utilizei algumas vezes com jovens e educadores em encontros e retiros. Retive da película a coragem crescente deste homem, sua retidão, o amor ao povo empobrecido, e a cena trágica de seu assassinato durante a celebração da eucaristia. Havia lido também trechos de discursos de Dom Romero. E, sobretudo, ouvi a gravação de algumas homilias dominicais dele. Fiquei tocado pela forma como Dom Oscar comentava as leituras bíblicas. Seu discurso era de um seguidor de Jesus, que partia da Palavra de Deus. Ao mesmo tempo, estava tão sintonizado com a situação de seu povo, que não tinha medo de denunciar as injustiças e propor alternativas viáveis para a sociedade, marcada pela violência do regime ditatorial que exterminou, segundo se afirma, mais de 50 mil pessoas.
Oscar Romero nasceu em 1917, no interior de El Salvador. Era o segundo de uma família de sete filhos. Seu pai exercia a função de telegrafista. Em casa, não havia energia elétrica nem água encanada e as crianças dormiam no chão. No início da adolescência, foi para o seminário menor. Completou seu estudos em Roma, na Universidade Gregoriana. Para mim, uma feliz coincidência, pois ali, muitos anos mais tarde, concluí meu doutorado em teologia.
Romero foi ordenado em 1942, em plena segunda guerra mundial. De volta ao seu país, começou a exercer a missão de padre em comunidades do interior. Logo percebeu a importância do rádio na evangelização. Por onde passou fazia programas ao vivo, gravava homilias e estimulava a presença da Igreja neste âmbito. Por um tempo, foi também editor do Jornal Arquidiocesano. Desde cedo foi reconhecido pela sua capacidade de organização pastoral. Em 1970 foi ordenado bispo auxiliar de San Salvador. Em 1974, transfirido para a diocese de Santiago de Maria. Pessoa de grande liderança, Dom Romero era tido como um bispo conservador, que inclusive não sintonizava com as propostas de renovação do Concílio Vaticano II e da Conferência Latino-americana de Medellín. Era sensível para ajudar os pobres, porém em perspectiva assistencialista.
Com o coração aberto e a mente atenta, Dom Romero visitava as comunidades, ouvia as pessoas, tentava compreender a situação pela qual passava seu país. Naquele momento, El Salvador estava sob o domínio de uma ditadura militar, semelhante às outras que assolaram todo o nosso continente. O governo perseguia as lideranças políticas e sociais, torturava e assassinava pessoas e se mantinha impune. Lentamente, Dom Romero foi percebendo que não bastava boa intenção ou gestos individuais. A situação era estrutural e exigia ações coletivas. Para seu processo de conversão aos pobres contribuíram muitas pessoas. Dentre elas, o jesuíta Rutílio Grande, barbaramente assassinado.
Em 1997, Dom Oscar Romero foi nomeado Arcebispo da Capital, San Salvador. Passou a estimular a formação das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), rompeu com a aliança da Igreja com as oligarquias locais, organizou comissões para apurar as diversas violações aos direitos humanos no país, promoveu o diálogo e clamou contra a violência. Percebeu que sua postura de enfrentamento em relação ao governo totalitário, que servia às elites aristocráticas do país, poderia lhe custar a vida. E assim aconteceu, no dia 24 de março de 1980.
Visitei inicialmente o túmulo de Dom Romero, que está na cripta da catedral de San Salvador. Infelizmente, devido ao segundo bispo que lhe sucedeu, membro da Opus Dei, seu corpo foi retirado da nave principal e colocado num lugar de menor acesso, pouca visibilidade e horário restrito. Mesmo assim, é visitado constantemente por muita gente, que o reconhece como santo. Vi em outro lugar uma série de testemunhas de “ex votos”, ou seja, de pessoas que deixam registrado que alcançaram graças e curas através de sua intercessão. A atual tumba está revestida com uma cobertura de pedra. Nas quatro pontas há vultos de mulheres e símbolos que evocam cada evangelista. Uma justa homenagem a quem se pautou pelo evangelho de Jesus. Ali me ajoelhei e rezei, pedindo o dom da profecia.
A seguir, fui visitar a casinha onde ele morou. Está localizada dentro da área de um hospital para doentes de câncer, onde atuam as Irmãs Carmelitas. Era uma casa simples e pequena, que foi transformada num museu em sua memória. Lá se pode ver muitas fotos de seus contatos com o povo, as festas e celebrações da qual participou, objetos pessoais, o gravador na qual registrava cada noite seu diário, a cama e a mesa de trabalho. O objeto-símbolo que mais me impactou é a camisa que ele usava no dia de morte, manchada de sangue e com a marca da bala que lhe perfurou o coração (foto ao lado).
Para terminar, a poucos metros dali fica a capela do hospital, local de seu martírio. Dom Romero foi assassinado por um atirador de elitedo exército salvadorenho, treinado nas Escolas das Américas. Sua morte repercutiu em vários lugares de mundo. Hoje, ele é um símbolo da Igreja dos pobres e da espiritualidade da libertação.
Para mim, ver e sentir de perto os locais, as pessoas e os objetos que evocam a memória deste homem de Deus fortaleceu a minha fé. Foi uma ocasião de renovar meu compromisso de colaborar para uma sociedade solidária e sustentável.
São Romero, rogai por nós!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Blog action Day e os professores


Estive sumido uns tempos, aqui no meu blog.
Volto hoje, num dia especial.
Para começar, celebro o dia dos professores.
Recordo meus mestres, a começar da professora da primeira série, Regina, que me ensinou a ler, escrever e contar. E termino com o grande mestre Libânio, que me introduziu no mundo da teologia. Entrei aí para ficar...
Ah, eu gosto de ser professor, de estimular os alunos a pensar, a refletir, a ampliar seus horizontes, a querer conhecer mais, a fazer do conhecimento um instrumento de transformação.
Parabéns a todos os professores e professoras!
O segundo motivo de festejar hoje é um evento mundial, que reúne blogueiros dos quatro cantos da terra. No dia 15 de outubro de cada ano, a gente se solidariza com um tema importante para o nosso mundo. Neste ano, o Blog action Day está centrado no Aquecimento Global e nas mundanças climáticas.
Ontem vi uma notícia que me deixou indignado. Na primeira página do Estado de Sáo Paulo, se diz: "Por crescimento, Casa Civil veta meta ambiental mais ambiciosa". Segundo o periódico, a proposta que o Brasil quer levar para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague, em dezembro, esbarrou no "desenvolvimentismo" da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e expôs uma divisão no governo sobre a questão ambiental.
No fundo, nenhuma novidade, pois o atual governo dá mostras que está insensível à questão ambiental. Resta à sociedade civil erguer sua voz. O dia de hoje é uma boa ocasião. Visite os blogs que aderiram ao "Blogactionday".
Da minha parte, como professor, continuarei atuando com meus alunos e outros interlocutores, para que juntos dilatemos a consciência planetária e desenvolvamos atitudes de cuidado com o planeta, nossa casa comum. Nesta tarefa, nossos todos professores e aprendizes... Vamos lá!

domingo, 13 de setembro de 2009

Ecologia e Educação: a hora!

A ecologia, com suas múltiplas faces, é um dos “Sinais dos tempos” que caracteriza o atual momento histórico do planeta. No seu bojo se reflete uma grande mudança na humanidade, que lentamente acontece, em meio a conflitos e retrocessos.

A modernidade científica e filosófica dos últimos séculos provocou um desencantamento em relação à natureza, ao ecossistema. Esta perdeu seu caráter mágico e “sacramental”. A água, os minerais, o ar, os microorganismos, as plantas e os animais foram reduzidos à matéria prima para a produção e a objeto de estudo para a ciência. Foram considerados como coisas, perderam sua relação conosco. O ser humano, na sua versão ocidental, masculina e branca, se transformou no “centro do universo”, no critério decisivo de organizar a existência e o pensar. É o que chamamos de antropocentrismo moderno.

No entanto, fatos e reflexões dos últimos vinte anos, mostraram a insuficiência da razão científica, a insustentabilidade do atual modelo de produção econômica e a mediocridade da cultura globalizada, que ignora a diversidade. Os sintomas de uma crise planetária, tocando ao mesmo tempo os indivíduos, as nações e o ambiente, são visíveis: falta de sentido para a existência, perda da qualidade de vida, eclosão de novas formas de pobreza e exclusão social, aumento da violência e da insegurança social, mudanças climáticas ocasionadas pela soma de vários fatores. Ou seja, o antropocentrismo moderno, tão orgulhoso e auto-suficiente, mostra-se decadente, um gigante com pés de barro. Presenciamos então um desencanto em relação à vida.

Felizmente, há também um movimento múltiplo, de natureza ética, cultural, social e espiritual, que cresce em todo o planeta, com sinais esperançosos. Não se trata de um movimento único, orquestrado, mas de manifestações plurais, algumas convergentes e outras em conflito, mas que lentamente vão se articulando e buscando sentido comum. Destacamos, entre elas, a afirmação crescente do papel da mulher e a questão de gênero, o resgate das culturas e etnias não ocidentais (afro-descentes, indígenas, orientais asiáticos), o empenho por uma cultura da paz, da tolerância e da diversidade, as tentativas de estabelecer relações econômicas justas no mundo, e sobretudo, uma nova consciência ecológica. Tudo isso impacta na educação.

O caos no qual estamos imersos está nos abrindo possibilidades inusitadas, como pessoas, cristãos e educadores. A crise civilizatória atual faz lembrar a experiência do apóstolo Paulo. Ele tinha tantas certezas! Mas, um dia, “caiu do cavalo” e ouviu uma interrogação do Mestre. Necessitou passar uns dias na completa escuridão, numa cegueira externa que lhe possibilitou repensar a vida. Depois das trevas veio uma luz que lhe iluminou toda a existência. A questão ecológica oportuniza um novo olhar sobre os indivíduos, a espécie humana e todos os sistemas vivos. Nós, seres humanos, nos redescobrimos como parte da natureza e interdependentes em relação a todos os outros seres. Coloca-se novamente no centro das nossas existências a ética, os valores que nos movem, e como estes valores se traduzem em atitudes pessoais e ações coletivas. Percebe-se que a emoção tem uma importância vital nos processos humanos, desde a aprendizagem escolar até a gestão de processos, numa pedagogia empreendedora. E a mística, como desejo de se religar a algum sentido maior, para além da razão e do subjetivismo, volta à ordem do dia. Então acontece um reencantamento em relação à existência humana, à natureza e ao Divino. Estes processos são simultâneos e transversais. Avançamos sim, em meio ao desencantamento da mentalidade moderna que tudo pretende explicar e dominar, ao desencanto de uma crise civilizatória e ao reencantamento do brilho do novo olhar sobre nós e o mundo.

Nós educadores, somos pessoas que vivemos tudo isso, a começar de nossa existência pessoal, íntima, familiar. Talvez não tenhamos consciência plena da beleza e do desafio do momento que partilhamos com outros seres humanos. E que a nossa contribuição é muito importante, pois irá somar com a de tantos outros, nos mais diversos setores da sociedade, em todos os recantos da Terra. Paulatinamente, vamos compreendendo que a questão ecológica não é uma coisa pequena (embora se manifeste a partir de simples atitudes) e nem ocasional. Ela toca a compreensão de mundo, a forma de vive e atuar, subjetivamente e comunitariamente. Por isso, deve provocar mudanças nos processos pedagógicos e pastorais na escola.

A ecologia impacta na escola em várias vertentes:
- epistemológica (carácter e finalidade do conhecimento),
- metodológica (como conhecer),
- ética (valores e relações interpessoais)
- e espiritual (mística como re-ligação com Deus e suas criaturas).
A luz da consciência ecológica provoca uma mudança no núcleo da atividade básica da escola, que é a (re)elaboração do conhecimento. Percebe-se com clareza que a escola necessita extrapolar a sala de aula e os manuais didáticos. Os educadores e os alunos, à medida que conhecem melhor seu entorno, trazem novas perguntas (a respostas também) para ampliar a espiral do conhecimento. Compreender os ciclos da natureza - e do ser humano nela inserido - exige experimentação, implica o exercício dos sentidos, o envolvimento do corpo e das emoções. Significa superar a frieza da experiência científica moderna, na qual o pesquisador é o sujeito e a natureza, em duplo sentido, o “objeto”. Conhecer é também experimentar-se, estabelecer relações com outros seres, admirar sua beleza e acolher seus limites. O conhecimento também abre as portas à contemplação, a perceber o sopro do Espírito de Deus nas criaturas. Basta que o olhar se mantenha encantado.

Aceitar o paradigma ecológico (ou a dimensão ecológica da existência) leva a rever os métodos pedagógicos e a estreitar os laços entre as diversas áreas do saber. Pois a visão holística privilegia a compreensão das relações, e não somente o conhecimento focal e isolado. Faz ver como as diversas dimensões do real se implicam mutuamente. Ajuda a retomar a unidade original, que se perdeu à medida que foi necessário segmentar os saberes, para progredir no desenvolvimento da ciência. Uma concepção ecológica valoriza o protagonismo do aluno e põe novamente a questão da importância das vivências cotidianas para a sistematização do conhecimento. Tal perspectiva vem ao encontro do esforço que se realiza, em tantos lugares e há muitos anos, de uma educação significativa para os alunos e com os alunos, desde a proposta da educação evangélico-libertadora, até as contribuições do construtivismo sócio-interacionista.

Se podemos falar de uma “eco-pedagogia”, ela implica assumir a dimensão ética do saber. O que fazemos com o que conhecemos? Infelizmente, o conhecimento moderno se tornou, em primeiro lugar, fonte de acumulação de riqueza individual e manifestação da vaidade. Quem conhece somente para si se assemelha a alguns personagens do filme de desenhos “Kihiro”: bestializa-se com um porco glutão ou se torna um espírito destruidor que pretende seduzir a todos. A ética ecológica tem uma intenção ampla. Propõe um sentir co-responsável que ultrapassa todas as fronteiras, a ponto de nos percebermos “cidadãos planetários”. E, ao mesmo tempo, valoriza as atitudes individuais e as ações comunitárias locais, pois somente estas alavancam mudanças reais que alimentam nossa esperança. A escola, como espaço inter-geracional de relações cotidianas, pode ser um espaço privilegiado para gerar atitudes de cuidado consigo mesmo, com os outros e com o ambiente.

Uma parte significativa dos alunos das escolas católicas particulares são membros de famílias abastadas, com um padrão de consumo bem maior do que a média da população. Isso significa também: produzir muito lixo e deteriorar o ambiente. É necessário ajudar os alunos e suas famílias a serem consumidores conscientes, a usar racionalmente a água e de energia, a perceber a “pegada ecológica” que eles deixam para trás, a perceber a necessidade de uma produção ecologicamente sustentável. Para isso, a escola necessita de uma política ambiental clara, que envolva a todos, desde o funcionário dos serviços gerais até o diretor, e se traduza em gestos pessoais e institucionais ambientalmente educativos.

Conforme L. Boff, o ser humano é exterioridade (materialidade, presença), interioridade (desejo, emoção, imagens) e profundidade (pergunta-se de onde vem e para onde vai, pelo sentido). A espiritualidade consiste em cultivar “o espaço de profundidade, em enriquecer o centro de nós mesmos, em alimentar a dimensão do espírito com a amorosidade, a solidariedade, a compaixão, o perdão e o cuidado para com todas as coisas”. Por tais valores e atitudes se revela o espírito e se tece a espiritualidade. O ser humano tem inteligência intelectual, emocional e espiritual. A integração das três nos abre à comunhão amorosa com todas as coisas, numa atmosfera de respeito e de reverência para com todos os seres. Se o espírito é vida e relação, seu oposto não é a matéria, mas morte, ausência de relação. Espiritualidade, neste contexto, “é a potencialização máxima da vida, é compromisso com a proteção e expansão da vida (..) em toda a sua incomensurável diversidade e em todas as suas fases de realização”. Uma espiritualidade ecológica é profundamente integradora, e ajuda a superar a dicotomia entre sagrado e profano, espírito e matéria, que perseguiu o cristianismo durante muitos séculos. Vale recordar aqui a experiência e a reflexão de Teillard Chardin, um padre e cientista do século passado, que expressou de muitas formas esta unidade interior. Ele dizia: “Toda a matéria doravante está encarnada, meu Deus, pela vossa Encarnação”.

Creio que a escola pode ser um espaço maravilhoso para experimentar e celebrar o Deus da vida, cujo Espírito criador e redentor (recriador) passeia pela vastidão do universo e pela biodiversidade de suas criaturas. Está na hora de dar um passo maior. Para essa fascinante tarefa, somos todos convocados, como artífices e aprendizes.
(Versão modificada de texto apresentado no último Congresso Nacional da AEC)

sábado, 22 de agosto de 2009

sábado, 15 de agosto de 2009

Beco sem saída

Transcrevo artigo de Drauzio Varella publicado na Folha de São Paulo, com o qual me identifiquei. Queria falar a respeito da gravidade da crise ética no nosso país, a partir da corrupção generalizada e da impunidade do congresso e do senado. Draúzio falou por mim...
Os últimos acontecimentos de Brasília foram tão desconcertantes e chocaram a nação de tal forma, que ignorá-los seria omissão. No trato da administração pública, chegamos a níveis de desfaçatez e de imoralidade assumida incompatíveis com os princípios éticos mais elementares. Para os que ganham a vida com o suor do próprio rosto, é revoltante tomar consciência de que parte dos impostos recolhidos ao comprar um quilo de feijão é esbanjada, malversada ou simplesmente desapropriada pela corja de aproveitadores instalada há décadas na cúpula da hierarquia do poder.Mais chocante, ainda, é a certeza de que os crimes cometidos por eles e seus asseclas ficarão impunes, por mais graves que sejam. Do brasileiro iletrado ao mais culto, todos nós temos consciência de que o rigor de nossas leis pune apenas os mais fracos. É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico parar na cadeia, diz o povo, com toda razão.
Uma noite, na antiga Casa de Detenção de São Paulo, ao fazer a distribuição de um gibi educativo sobre Aids, perguntei, à porta de um xadrez trancado, quantos estavam ali. Um rapaz de gorrinho de lã, curvado junto à pequena abertura da porta, respondeu que eram 17. Diante de minha surpresa por caberem tantos em espaço tão exíguo, começou a reclamar das condições em que viviam. Às tantas, apontou para a TV casualmente ligada no horário político, no fundo da cela, no qual discursava um candidato:-Olha aí, senhor, dizem que esse homem levou 450 milhões de dólares. Se somar o que todos nós roubamos a vida inteira, os 7.000 presos da cadeia, não chega a 10% disso.

Essa realidade, que privilegia a impostura e perdoa antecipadamente os deslizes cometidos pelos que deveriam dar exemplo de patriotismo e de respeito às instituições, serve de pretexto para comportamentos predatórios (se eles se locupletam, por que não eu?), gera descrédito na democracia e, muito mais grave, a impressão distorcida de que todo político é mentiroso e ladrão. Considerar que a classe inteira é formada por pessoas desonestas tem duas consequências trágicas: votar nos que "roubam, mas fazem" e afastar da política cidadãos que poderiam contribuir para o bem-estar da sociedade.
De que adianta documentar os crimes se os criminosos ficarão impunes e retornarão nas próximas eleições ungidos pela soberania do voto popular? Como renovar a classe política num país em que quase dois terços da população não têm acesso à informação escrita, em que empresários financiam campanhas de indivíduos inescrupulosos, comprometidos apenas com os interesses de quem lhes deu dinheiro, e no qual as mulheres e os homens de bem se negam a disputar cargos eletivos, porque não querem ser confundidos com gente que não presta? É evidente que os políticos brasileiros não são os únicos responsáveis pelo estado a que as coisas chegaram. Antes de tudo, porque muitos são honestos e bem-intencionados; depois, porque o clientelismo que os cerca é uma praga que nos aflige desde os tempos coloniais. Os que se aproximam dos políticos para pedir empregos públicos, nomeações para cargos estratégicos, favores em negócios com o governo ou para oferecer-lhes suborno, por acaso são mais dignos?

Esse é o beco sem saída em que nos encontramos: os partidos aceitam a candidatura de indivíduos desclassificados, os empresários financiam-lhes a campanha (muitas vezes com os assim chamados recursos não declaráveis), o eleitor vota neles porque "não faz diferença, já que todos são ladrões" ou porque podem conceder-lhe alguma vantagem pessoal, a Justiça não consegue nem sequer afastar do serviço público os que são flagrados com as mãos no cofre e, para completar a equação, as pessoas de bem querem distância da política.
A esperança está na prática da democracia. Se a Justiça não pune os que se apropriam dos bens públicos, a liberdade de imprensa é a arma que nos resta, a única que ainda os assusta.
(Charge da Internet)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Memórias do Líbano (1)

Fui convidado por Dom Edgar, bispo maronita do Brasil, a participar do programa "Memórias do Líbano", na TV Canção Nova. No primeiro programa, falamos sobre os diferentes sentidos que a festa da Transfiguração assume no rito maronita e no rito latino. Aprendi coisas lindas, como a tradição do fogo, ligada a esta festa, para manifestar a energia e luz de Deus que transparece em Jesus.
Sou de origem libanesa. Meu pai, Victor Murad, já falecido, veio do Líbano com seus vinte anos, em busca de melhoria de vida para si e seus parentes que ficaram na terra natal. Minha mãe, Aypha, hoje com mais de 80 anos e de uma vitalidade incrível, é brasileira e filha de libaneses.
Na minha infância e adolescência respirei, simultaneamente, os ares da cultura brasileira e da libanesa. E assim constituí minha identidade.
Recordo-me que certa vez, quando estudava na Alemanha, convivi por um breve período com um jovem padre libanês, que também veio aprender a língua de Goethe. Em certo momento, ao ver minha forma de agir, de gesticular e de ver o mundo, ele me disse: "Você é mais libanês do que imagina".
Sem distinguir bem o que tenho de brasileiro e de libanês, o que importa hoje é me compreender num contexto de multiculturalidade. Ou seja, de me perceber igual e distinto, partilhando de forma própria aquilo que constitui nossa condição comum de seres humanos e de cristãos: peregrinos neste mundo belo e confuso, seguidores de Jesus e cidadãos planetários.
Semana que vem tem mais um programa. Desta vez, irei falar mais de minhas lembranças familiares e da visita que fiz ao Líbano. Boas e felizes memórias...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Teofania na Amazônia dos pequenos

Partilho com você este texto de Frei Joahannes Gierse, com suas impressões sobre o Intereclesial das CEBs, acontecido em Porto Velho, no final de julho. Concordo com o que ele diz. Saboreie o olhar franciscano apurado....

“Teofania”, segundo o dicionário, quer dizer a manifestação de Deus em algum lugar, coisa ou pessoa; uma revelação sensível da glória de Deus, ou através de um anjo, ou através de fenômenos impressionantes da natureza. Não tenho a menor dúvida que tudo isso aconteceu em Porto Velho! Vejam:

A glória de Deus na “Amazônia”: pela primeira vez na história dos 34 anos dos Intereclesiais este encontro das CEBs aconteceu na região Norte do Brasil. Diz o Pe. Raimundo Possidônio, de Belém: “A Amazônia é obra do Deus criador e providente, pois neste pedaço do planeta quis presentear-nos com um pedaço do Paraíso, e fez os povos desta terra depositários de uma grande missão: cuidar de sua obra maravilhosa”. Mas neste pedaço do Paraíso, a terra e as águas, os povos indígenas e quilombolas, ribeirinhos e extrativistas estão gritando, pois sofrem as dores da exclusão, destruição e morte causadas pelos grandes projetos “de desenvolvimento”.

Deus presente numa Igreja com rosto amazônico: a Igreja na Amazônia realizou uma conversão desde o encontro de Santarém em 1972, com sua diretriz “encarnação na realidade em vista da libertação” e que se expressa nas prioridades pastorais: formação de agentes pastorais locais e de comunidades cristãs de base fundadas na fé e no amor, a pastoral indígena e a frente pioneira da migração. O amazônico da Igreja e os seus frutos eram palpáveis nos Intereclesial.

A manifestação de Deus na diversidade dos participantes: Quem conhece o tamanho continental do Brasil entende o que significa encontrar pessoas dos quatro cantos; compreende também com qual esforço as caravanas das CEBs viajaram durante dois, três ou quatro dias! Pelas estradas, rios e ares enfrentando 2000 ou mais de 4000 km para chegar. Eram 3.010 delegados, aos quais se somavam convidados, equipes de serviço, imprensa e famílias que acolhem os participantes, ultrapassando cinco mil pessoas envolvidas neste Intereclesial. O caráter pluriétnico, pluricultural e plurilinguístico da Assembléia encontrava-se espelhado também no rosto das 38 nações indígenas ali presentes”, além de pessoas dos outros continentes, como relata a Carta Final.

A revelação de Deus no povo de Porto Velho: a acolhida e o carinho com que as famílias, as paróquias e a diocese trataram os delegados foi algo extraordinário. Equipe de acolhida no aeroporto e nas paróquias, a qualquer hora do dia ou da noite, tocando e cantando, faixas e mensagens de boas-vindas. Presentes e lembranças, feitas de artesanato da região; fartura nas mesas tanto em Porto Velho como ainda em paróquias de Rondônia e Mato Grosso que há mais de 1000 km distantes acolheram as caravanas; famílias hospitaleiras; equipes de serviço para tudo; atendimento perfeito de saúde; em todo lugar “água encanada” para refrescar do calor; celebrações inculturadas... e tudo isso feito com um amor gratuito, generoso. Durante quatro anos, a Igreja de Rondônia montou essa “estrutura” preparando equipes de voluntários – entre eles muitos jovens! Ao longo de quatro anos cada um/uma contribui mensalmente com R$ 2,00! Não é de se admirar que muitas famílias derramaram lágrimas de saudade na despedida de seus hóspedes!

Dom Moacir, revela a ternura e o vigor de Deus: o bispo de Porto Velho deu todo apóio para que o Intereclesial acontecesse na Amazônia. Acreditou na capacidade de sua Igreja particular e não se cansou de caminhar com seu povo, apesar de sua deficiência física, resultado de dois acidentes de carro, sendo um causado por um atentado. Ele marcou na celebração de abertura a frase de origem africana: “Gente simples, fazendo coisas pequenas em lugares não importantes realizam coisas extraordinárias” e que ficou no coração, na mente de todos/as delegados/as, pois expressa a mística e a missão das CEBs revigorando a convicção de que estão no trilho certo. Fiquei pasmo com a sensibilidade de Dom Moacir na celebração de encerramento: ao iniciar a oração eucarística pediu a todos da equipe de animação não falassem no microfone para que o próprio povo rezasse de uma só voz e assim os ouvintes da rádio ouvissem a própria voz do povo de Deus (a maioria de nossos cantores/as é dono do microfone e abafa a voz orante da assembléia!); a todos/as os 10.000 fiéis foi oferecida a comunhão sob duas espécies (a maioria dos padres não tem essa “sensibilidade litúrgica”, mesmo tendo poucas pessoas participando da Missa!).

Deus falando no tema, na dinâmica, na organização do Intereclesial: O fato de as CEB’s tematizarem “o grito da Terra que vem da Amazônia” e de reconhecerem que precisam se converter em comunidades ecológicas manifesta uma visão profética adequada aos nossos sinais dos tempos. Estamos longe de assumir a missão sócio-ambiental. A dinâmica do Encontro foi a conhecida “Ver-Julgar-Agir”, que garante a interação fé e vida e o comprometimento eclesial diante dos desafios da missão. Também o trabalho em “canoas” (grupos), rios (miniplenárias) e no porto (plenário) agilizou a troca de experiências e o processo de reflexão. Novidade foi o dia de missão no qual foram visitadas: populações indígenas, comunidades de bairro, agrícolas-coloniais, extrativistas, ribeirinhas, afro-descentes, de ocupação, Casa do Menor, de recuperação de dependentes e hospitais.

Se a teofania acontece também através de um fenômeno impressionante da natureza, então não resta dúvida de que no dia 22 de julho durante a celebração penitencial, Deus estava presente! Naquela tarde, suportando um calor infernal, as 3000 pessoas caminharam em direção ao rio Madeira fazendo também memória dos mártires. Chegando na margem do rio, ao por-do-sol, enxergamos ainda as grandes obras que desviam o rio e acabaram com a cachoeira, para construir a usina hidrelétrica Santo Antônio. No alto de uma rocha, uma mulher proclamou as bem-aventuranças e a multidão as repetia. Para mim, não havia diferença entre o mar da Galileia, onde Jesus pregava às multidões, e nós na beira do rio Madeira. O vento soprou fortemente, trazendo alívio, e nuvens escuras fecharam o céu. Dom Luis Soares, dizia: “Deus nos livre de um mundo feio em que não haja mais peixes, pássaros, árvores, animais, homens e mulheres... é impossível acreditarmos em Deus se não estivermos de bem com os irmãos e com a natureza. O ambiente é a nossa casa e fazemos parte dele. No momento em que matamos a natureza, estamos matando a nós mesmos”. E enquanto falava, o céu respondeu abençoando aqueles que fazem das bem-aventuranças o sentido e a missão de sua vida. Deus afirmava em forma de chuva: “Este é o caminho da vida, da esperança, da Terra sem males! Podem confiar, estou ao lado dos pequenos”!

A viagem de volta foi outra aventura: 40 pessoas entre as quais dois bolivianos, um índio pernambucano, três jovens, um casal, dois padres, mulheres entre 35 e 75 anos de idade, dois motoristas e um alemão-nordestino-paulistano, durante 54 horas num ônibus formaram uma “CEB ambulante”. Rezamos o Ofício das Comunidades e no ritmo indígena, avaliamos o 12º, tivemos serviço a bordo, assistimos ao “Big Bus Brasil”, presenteamos o amigo oculto, brincamos e cantamos... É Deus se revelando nos pequenos!