Compreendi este texto, de forma original, quando visitei a casa onde morou Dom Oscar Romero, bispo de San Salvador, assassinado por um atirador de elite, a serviço do governo militar que dominava o país. Lá se vê sua camisa branca, perfurada pela bala, e manchada de sangue. Romero era um homem do bem. Começou sua missão de bispo de forma ingênua. À medida que conheceu mais a dura realidade de seu povo, cresceu dentro de si a indignação e a consciência que a fé cristã não dizia respeito somente aos indivíduos e às suas questões existenciais. Romero percebeu os mecanismos sociais que geravam a pobreza e a dominação política. Compreendeu o jogo das ideologias. Meteu-se na luta política como homem de Deus, buscando o diálogo e os consensos possíveis. Nas homilias de Romero, gravadas e transmitidas pelo rádio, transparecem um senso profético impressionante. Não são um mero discurso político ou de conselhos piedosos sem sabor. E sim palavras apaixonadas e lúcidas, críticas e esperançadas, contextualizadas e com teor espiritual e ético.
No final da década de setenta, conheci Elói Ferreira da Silva. Homem simples, da roça, líder de círculo bíblico na cidade de São Francisco, no Norte de Minas. Vivia com a mulher e dez filhos, como posseiro em terras devolutas. Tornou-se um representante das lutas populares da região. Impressionava-me sua serenidade, alegria, e muita fé em Deus. Ele via os fatos cotidianos e também sua luta social com aquele olhar de quem crê, confia e espera no Senhor. Mas não estava parado, esperando as coisas acontecerem. Empenhou-se com seus companheiros na luta pela posse da terra, grande dom de Deus para seus filhos, como dizia ele. Seu Elói foi barbaramente assassinado, a mando dos que almejam se apropriar da área para cultivar eucalipto. Passados tantos anos, ainda me recordo de seu sorriso aberto, mesclado com o imenso bigode.
Como Dom Romero e Elói, milhares de homens e mulheres nos últimos anos deram a vida pela causa da justiça e do Evangelho na América Latina e no Caribe.
Uma das feições originais do cristianismo latino-americanos dos últimos anos consiste em recuperar a dimensão social da fé. Presente fortemente no livro do Deuteronômio, nos livros proféticos, em vários Salmos e nos evangelhos sinóticos, a dimensão social da fé se diluiu nos primeiros séculos e praticamente perdeu relevância, quando a Igreja se tornou religião do império romano.
Sempre houve mártires na Igreja, no correr da história, embora com diferente intensidade. Nos últimos séculos, o martírio assumiu uma face predominantemente confessional, como defesa de uma religião até a morte heróica. No nosso continente, a esmagadora maioria dos mártires e testemunhas de vida cristã, canonizadas ou não, associou à sua causa religiosa um ideal humanitário, social e ecológico. Não se apresentam como mártires de uma determinada religião, e sim como símbolos de uma nova humanidade possível, para além das fronteiras culturais, étnicas e religiosas. Esses mártires são reconhecidos por todos aqueles que vivem irmanados nas mesmas causas, mesmo que com diferentes olhares e perspectivas. Símbolos vivos de um sonho ainda não realizado, mas necessário. Encontro da graça divina com a resposta humana. Convergência do apelo libertador de Deus, com o engajamento pessoal, comunitário e estrutural.
Uma das feições originais do cristianismo latino-americanos dos últimos anos consiste em recuperar a dimensão social da fé. Presente fortemente no livro do Deuteronômio, nos livros proféticos, em vários Salmos e nos evangelhos sinóticos, a dimensão social da fé se diluiu nos primeiros séculos e praticamente perdeu relevância, quando a Igreja se tornou religião do império romano.
Sempre houve mártires na Igreja, no correr da história, embora com diferente intensidade. Nos últimos séculos, o martírio assumiu uma face predominantemente confessional, como defesa de uma religião até a morte heróica. No nosso continente, a esmagadora maioria dos mártires e testemunhas de vida cristã, canonizadas ou não, associou à sua causa religiosa um ideal humanitário, social e ecológico. Não se apresentam como mártires de uma determinada religião, e sim como símbolos de uma nova humanidade possível, para além das fronteiras culturais, étnicas e religiosas. Esses mártires são reconhecidos por todos aqueles que vivem irmanados nas mesmas causas, mesmo que com diferentes olhares e perspectivas. Símbolos vivos de um sonho ainda não realizado, mas necessário. Encontro da graça divina com a resposta humana. Convergência do apelo libertador de Deus, com o engajamento pessoal, comunitário e estrutural.
25 comentários:
O texto do professor Afonso Murad me tocou intensamente no que diz respeito a "dar a vida pelas vidas", em que homens e mulheres ao longo da história, apaixonados por Jesus e pela sua justiça foram capazes de entregarem suas vidas. Quando eu fiz noviciado na Argentina, estive morando alguns meses no norte do país, convivendo com pessoas humildes e sedentas pelos seus direitos, que tinham por modelo D. Angelleli, homem de coração grande e interessado pela justiça do seu povo. Como bem sabemos o seu imenso amor pelas pessoas o levou a perder a sua vida, como Jesus Cristo e D.Romero, e continuará formentando inúmeros outros autênticos cristãos a entregarem suas vidas pelas vidas, "Vidas pelo Reino".
Temos, de fato, a tarefa de parar e contemplar pessoas, vidas e ações que mudaram a cara do mundo e continuam fazendo na vida de muitos. D. Oscar Romero, Santo Dias, Chico Mendes e tantos outros que, no anonimato, alvejaram suas roupas no sangue do Cordeiro. Todos passaram pelo processo do martírio genuíno, bem focado nesse texto pela vida de D. Romero e também pelo até então anônimo Eloi Ferreira.
Destacamos também a chamada que Ir. Afonso nos faz e, ao mesmo tempo nos atenta para aquilo de um discurso vazio em si mesmo e sem vida, e o testemunho dinâmico dessas vidas presente em meio à vida povo. Enfatizamos ainda nesse comentário a dimensão "transcendente" de um genuíno martírio, indo além da esfera religiosa, cultural e ética, tocando essencial e profundamente na vida e na estrutura de cada ser humano.
Ser signo na vida das pessoas fez desses tantos mártires sacramentos vivos, que manifestaram com suas vidas uma sempre nova nuance daquilo que é a Graça: oferta e resposta. A primeira é de Deus! A segunda, do homem.
Diante destes relatos e de outros que conheci na própria Amazônia ou nos livros, me admiro com o poder do evangelho de sair da bíblia e encarnar nas pessoas, fazendo-as tão desprendidas de si mesmas e tão cheias do Espírito que diante desses fatos fica a pergunta: Essa pessoa morreu? NÃO, é a resposta que grita imediatamente de todos os lados. A morte dessas pessoas que doam a vida em favor da luta pela VIDA, paradoxalmente geram mais vida, isto é mistério de Deus. Afinal de contas, são nesses relatos que comprovamos a afirmação de que: quem vive como Jesus Cristo pela morte de Jesus Cristo, morre como Jesus Cristo pela vida de Jesus Cristo que também é vida da comunidade. TUDO VALE A PENA, A PARTIR DA RESSURREIÇÃO DE JESUS!!!
Quando fiz o noviciado em 2008, em Petrópolis, me surpreendi ao ler um livro e a assistir um documentário sobre Dom Oscar Romero. Realmente, fiquei impressionado com sua coragem e seu testemunho de vida, que com certeza nos deixa o exemplo ao doar sua vida em prol dos sem voz e sem vez.
É possível perceber que assim como Dom Oscar Romero doou sua vida pelos pobres, assim como outros também o fizeram, nós somos convidados a fazer o mesmo enquanto cristãos estudantes de Teologia que começam os trabalhos missionários agora, bebendo nesta fonte, nesse exemplo de vida. Portanto, não devemos temer o Martírio, que muitas vezes, perpassa a vida de muitos cristãos, na vida Igreja Católica.
Wander de Oliveira Souza
J. Rawls, citado por Olinto Pegoraro na obra “Ética é Justiça”, credita a justiça como fundamento de uma nova ordem social orientada para a eqüidade e a cooperação. A tradição veterotestamentária expressa evolutiva preocupação com a justiça e conseqüente qualidade das relações sociais; conclama à denúncia da opressão e cuidado com os excluídos e marginalizados: “Abre tua boca em favor do mundo, em defesa dos abandonados; abre a boca, julga com justiça, defende o pobre e o indigente” (Pv 31, 8-9). Autêntica expressão da justiça, o Reino é uma exigência àqueles que optam pela fé em Jesus Cristo. Todo cristão é convidado a qualificar sua vida através do progressivo despertar da consciência comunitário-ecológica e engajamento em favor do bem comum; muitos experimentaram radicalmente esse estilo de vida. O Reino se torna próximo à medida que os sujeitos, qual boa semente no campo (cf. Mt 13, 38), fazem brotar, mediante contínua conversão, relações humanizadoras.
O texto do professor Murad é pertinente ao resgatar a figura dos mártires que com seu profetismo e justa práxis se exercitaram na construção do Reino. Oxalá a escuta da Palavra siga despertando o profetismo, o exercício da liberdade, a radicalidade evangélica e o crescente amor a Deus e ao próximo.
O texto do professor Afonso Murad, nos remete a questão profética e evangélica que todo cristão deve orientar-se, e nos convida a uma consonância com o exemplo dos diversos mártires ao longo da história, que deram sua própria vida em favor do reino de Deus.
O exemplo dos diversos mártires transcende os limites de uma determinada religião, na defesa da vida dos mais pobres e excluídos de uma sociedade injusta. Entre eles citados no texto Dom Oscar Romero e Elói. Fé e vida, oração e ação, são elementos indispensáveis na vida de todo cristão. Diz São Vicente de Paulo “daí-me um homem de Oração e mudarei o mundo”.
Neste sentido podemos dizer: "O sangue dos mártires são sementes de novos cristãos". O verdadeiro Cristão deve conectar a sua vida a prática das máximas evangélicas no seu cotidiano e Oxalá possa dizer como Paulo: "Não sou eu que vivo, mas Cristo que vive em mim".
Foi trazido na memória, o nome de vários mártires latino-americanos, numa aula nossa, de Antropologia e Graça com o professor Ir.Afonso Murad na capela do ISTA. Tratávamos da dimensão Martirial do livro "A Salvação de Jesus Cristo, de Mário de França Miranda". Como é profundo a dimensão do matírio, e como transcende a qualquer razão humana, que as vezes não dá conta de explicar. Como nos dizia o grande teólogo Tertuliano: "O sangue de mártires é semente de novos cristãos", eu penso e vou além disso: "que sangue de mártires muito mais de ser semente de novos cristãos, é o clamor pela justiça, que se faz vigente no derramamento de sangue daquelas pessoas". Para a Igreja não interessa o passado do mártir, o importante é o momento decisivo do mártírio. Assim um mártir não é aquele que viveu heroicamente a fé, mas o que heroicamente derramou o sangue por Jesus. Lembramos com orgulho latino-americano dos mártires : Santo Dias, Dom Oscar Romero, Ir.Dorothy, Frei Tito, Margarida Alves, Chico Mendes, Pe.Josimo Tavares e
tantos outros que não estão escritos aqui, mas que também no anonimato alvejaram suas vestes no sangue do cordeiro, clamando por justiça, a favor da vida e de uma sociedade igualitária pra todos, onde a acumulação dê lugar a partilha. Como aquele versículo bíblico nos diz: "se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão" ainda hoje continua nesta linha da história, o clamor profético daqueles que nos precederam, pedindo-nos que continuemos lutando a favor da vida, principalmente no cuidado com aqueles que estão desprovidos e carenciados de tudo, moradia, direito a educação, direito a saúde,dierito a trabalho para o próprio sustento. Eudes Fernandes da Silva/ 3º Período de teologia do Ista
Márcio Aquino disse...
O texto apresentado pelo professor Afondo Murad,nos desperta pela busca do autêntico significado do martírio, pessoas que doam suas vidas em resposta ao Cristo que doou sua vida por nós. Temos que compreender e lutar para que a prática e a teoria possam caminhar unidas, num discurso condizente com a proposta do Evangelho. Felizmente temos em nossa Igreja pessoas que doam suas vidas em favor dos nossos irmãos carentes e necesitados de nossa sociedade, que lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro, oferecendo o seu próprio sangue. Os testemunhos de vida citados no texto nos apontam o caminho, o mais urgente é colocar as nossas vidas a serviço do Reino. Um dos nomes de mártires de nossos dias é de Dom Luciano, alguém que ocupou funções importantes na Igreja, mas que a todo instante se preocupava na defesa das causas populares, perdia noites de sono para sempre estar presente em momentos de tomada de decisões e de conflitos. nunca usou de "poder", mas na sua humildade e simplicidade lutava em favor dos pobres. Ser mártir é poder dizer como Paulo: "Combati o bom combate, guardei a fé, agora me resta receber a coroa da glória que me dará o justo juiz". É ter consciência em ter realizado e cumprido a missão.
Tanto o martírio de Romero, paradigmático para nós, como o de Elói, nos mostram atitudes profundas de opção pelo Reino. Mas são exemplos distantes da nossa realidade pastoral paroquial urbana. Para quem vive a realidade urbana, às vezes, parece que o martírio é algo antigo que faz parte apenas de nossa história, aqui no sentido de mero acontecimento passado e não de identidade histórica. No mundo urbano, a experiência do martírio é mais intensa para quem vive a realidade dos movimentos populares. Grande problema é que paróquias e movimentos populares são realidades que se distanciam cada vez mais.
Essa situação nos leva a pensar que nossa pastoral urbana cultiva pouco a espiritualidade dos mártires e talvez ela não se envolva nas realidades pastorais que sejam mais problemáticas. Isso se pensarmos que o martírio é sempre consequência de um engajamento profundo com a causa do Reino. A pastoral paroquial urbana precisa cultivar seu compromisso com o Reino de tal forma não a almejar o martírio, mas a cultivar a atitude do mártir, ou seja, da entrega total ao Reino.
Al ir reflexionando las palabras de Murad pudo concluir, como ese amor de Jesús hasta la muerte ha sido, desde entonces, fuente de fortaleza para innumerables mártires. Dom Romero e Elói (citados por el profesor) dieron su vida de modo sorprendentemente similar a Cristo, por amor a los hermanos y amigos especial los pobres.
Lo más admirable de estos hombres modelos, es su sorprendente claridad y sencillez. Es algo maravillosamente sugestivo y que provoca nuestra admiración, juntamente con un profundo deseo de entregarnos con toda generosidad. El que acepta el martirio por amor renuncia al más fundamental de los bienes humanos, la vida.
Don Romero dijo: El martirio es una gracia de Dios, que no creo merecerlo. Pero si Dios acepta el sacrificio de mi vida, que mi sangre sea semilla de libertad y la señal de que la esperanza será pronto una realidad. Mi muerte, si es aceptada por Dios, sea para la liberación de mi pueblo y como un testimonio de esperanza en el futuro.
La vida y el testimonio de muchos hombres y mujeres, debe enseñarnos que el camino de la cruz es el camino del martirio. Esto es una gracia muy singular que no la concede el Señor a todos, pero todos la ansiamos. Y todos los que tratamos de seguir al Señor, sabemos que no lo podemos seguir sin un gran amor en el corazón. Amor que esté dispuesto a dar su vida por él. ¡Dichoso Oscar romero y muchos otros que han muerto por la persecución del reino de Cristo, dichosos los que en odio de la fe han sido masacrados, dichosos porque a través de manos ensangrentadas y criminales, Dios ha dado perlas preciosas como símbolos de una nueva humanidad posible (Murad) y para vivir en esperanzas de un mundo mejor.
Puedo terminar diciendo que Dios nos quiere siempre y cada día dando vida, aunque frente a la injusticia, la violencia y el pecado, esa búsqueda de dar vida pueda implicar tener que dar la vida. Pero como siempre, es la vida y el amor a los hermanos lo que cuenta, es la vida por el reino, es un dar la vida para que otros vivan. Una muerte que da vida, da sentido a tantas vidas muertas…
«Oí una voz que desde el cielo me decía: Escribe: Bienaventurados de aquí en adelante los muertos que mueren en el Señor. Sí, dice el Espíritu, descansarán de sus trabajos, porque sus obras con ellos siguen» (Ap. 14:13).
Muitas vezes, quando falamos de martírio, vem em nossos pensamentos os primeiros cristãos que testemunharam valentemente sua fé, numa realidade de opressão e perseguição. Mas não podemos ficar parados no passado. Na história contemporânea de Igreja, podemos perceber vários mártires, que devido a sua fé e sua crença, foram capazes de desapegar da própria vida por causa de um um bem maior, o amor ao próximo, e principalmente à Deus. Pessoas que lutaram por justiças e pelo valor humano, souberam valorizar aquilo que verdadeiramente tinha que ser valorizado.
Entre essa pessoas podemos citar D. Oscar Romero, Ir. Dorothy, Santos Dias, D. Angelleli, entre outras pessoas, que por Amor à Deus e aos próximos, principalmente os que mais necessitavam em suas realidades, tiveram a coragem de lutar por esse Amor, como Jesus fez, até as ultimas conseqüências, não por um ideal despregado da realidade, mas lendo os sinais dos tempos, e lutando por aquilo que Deus lhes pedia. Pessoas que já vivam o martírio durante a vida, com perseguições, ameças, difamações. Se ficarmos atentos, ainda hoje, podemos perceber pessoas que caminham rumos ao martírio, que sofrem perseguições, calunias, incompreensões, por lutarem, não por causas próprias, mas pelo Amor e pelo bem do próximo. Que essas pessoas corajosas nunca faltem no meio de nós, os seres humanos.
Wagner Aparecido,SCJ, 3º Período de Teologia, ISTA.
Al escuchar la palabra martirio nuestra imaginación dispara, unos piensan en aquellos primeros cristianos que defendieron la fe hasta entregar la vida, otros piensan en los misioneros que entregaron sus vidas en distintos lugares por causa del Evangelio, algunos simplemente consideran que es cosa de loco o tal vez un fanatismo exagerado.
La cuestión es la siguiente: Martirio, es actual o pasado? Al leer el texto del Hermano Murad mi imaginación también disparó, recorrí los pueblos sufrientes de América Latina, vi rostros ensangrentados por tanta injusticia social, me detuve en varios momentos y en medio de ellos percibí que hombres y mujeres están entregando sus vidas, sus proyectos por una causa mayor. Cuando volví a la realidad me encontré inmerso en el texto de Murad donde habla de dos personas que entregaron sus vidas por los demás, uno, Monseñor Romero que es conocido nuestro, pero el otro para mi hasta ahora era anónimo, y eso nos muestra que existen, existieron y existirán todavía muchos mártires anónimos o algunos talvez conocidos en nuestra realidad sufriente de América Latina
El texto del profesor es conmovedor, ayuda a reflexionar sobre nuestra entrega por el reino e interpela para una entrega mayor.
Concluyo citando las palabras de Jesus: No hay mayor amor que dar la vida por los amigos. Creo que esta palabra resume todo lo que se dijo arriba.
O Martírio, sinal de vida e esperança para todos nós
Fazendo uma leitura meditada da vida dos mártires, e mergulhando na experiência deles podemos especular que mediante suas entregas da própria vida pelos outros eles demonstraram o próprio dom do martírio e que descobriram em profundidade o mistério de Jesus Cristo presente em cada face das pessoas injustiçadas.
Os mártires lograram perceber que entregar a vida pelos outros significa lutar pela causa do próprio Jesus Cristo e que dessa maneira encontra-se a verdadeira salvação, sem desprestigiar as outras maneiras de se salvar. Eles lograram superar todas as atitudes egoístas. Com o sangue derramado no chão eles escreveram para nossa historia que Cristo está presente em meio dos povos sofredores e massacrados pela injustiça, e ao mesmo tempo, deixam perceber que ainda muitos seguem crucificando hoje a Jesus Cristo mediante a violência e a exploração.
Os mártires viveram em constante entrega e abertura para os outros e como membros da Igreja representam um sacramento vivo para o mundo. Eles lograram vencer o medo da morte, possuíram grandes liberdades frente aos “inimigos”, e acreditaram de verdade que a vida daqui é apenas um começo da verdadeira vida.
Grandes Mártires como Dom Oscar Romero, Elói, Dom Angeleli, Ignácio Ellacuria, outros e outras grandes lutadores/as, embora alguns deles não sejam membros da Igreja, deram a vida pela causa de Jesus Cristo e da justiça social. A eles também nós devemos um profundo respeito. São memórias vivas que encorajam e constituem luz para todos nós.
A pesar que a injustiça continue em meio de nossos povos, eles testemunham que nossa história e a própria existência tem um fim bom. Aquele que nos criou livremente e por amor, espera de nós também uma entrega gratuita pelos outros a fim de que lutemos juntos na busca da paz, a justiça, a promoção da vida digna. É dando que se recebe, o importante é dar. É assim que um dia lograremos estar juntos aos mártires que já descansam na eternidade, depois de ter completado a missão e o mandamento primeiro do ‘amor a Deus e ao próximo’, aqui na terra.
Salve Murad;
Sua reflexão é revigorante na fé, principalmente quando nos recorda que em nosso continente os mártires extrapolam qualquer categoria institucional e focam sua “ENTREGA TOTAL” em ideais humanitários, sociais e ecológicos. Mesmo os “não cristãos”, ao assumirem esse compromisso, nos permitem comungar com eles, porque colaboram com o projeto do Pai apresentado no Filho Jesus; um projeto muitas vezes considerado contracultural e subversivo pelos detentores do poder. Obviamente não é qualquer morte que se constitui como martírio, mas quando a entrega da vida é em vista de um mundo melhor e mais possível para TODOS, isso é evangélico, isso é cristão.
Penso que a situação de martírio ainda hoje evidencia um desconfortável paradoxo; aproximadamente dois mil anos de história testemunhando a fé, o amor fraterno e o caminho para o Pai, e as pessoas continuam agindo egoisticamente e condenando as outras a situações de morte. Isso pode levar a uma decepção no que tange ao testemunho cristão; contudo, esses rebentos que surpreendentemente brotam aqui e acolá, também nos enchem de esperança e evidenciam que o Projeto do Pai consiste em um longo caminho de dores e esperanças, alegrias e tristezas, mas, pela fé, nos conduz ao verdadeiro amor, livre de qualquer condicionamento e pleno de satisfação. Mártires como Oscar e Elói nos provam que só vale a pena viver por um objetivo quando também vale a pena morrer por ele.
Anselmo Nascimento
Se justiça provêm de Deus, que é por excelência o Justo, se plasma em Jesus Cristo, no seu ser Filho, pelo qual faz justo a todos quem acolher a sua mensagem.
Na história humana existem tantas pessoas, homens e mulheres, que testemunharam com suas vidas esse dom de ser filhos no Filho, o qual não deixou-os alheios a situações concretas de injustiças sociais.
Foi justamente o que levou Jesus na Cruz, o compromisso ante a experiência profunda com Deus e com os homens na construção do Reino, que é o fazer justo a Obra de Deus que, pelo pecado, foi transgredida. E é a partir desta experiência que tantos homens e mulheres tomaram o compromisso de luta pela liberdade e pela justiça até mesmo entregar a vida.
Um dos tantos exemplos é Dom Oscar Romero e Elói quem foram colocados pelo professor Murad. Mais existe outros tantos mártires concretos, e outros que são ou foram anônimos aos nossos olhos em América Latina. Tampouco podemos deixar de nomear as pessoas que hoje estão sendo flagelados na luta por um lugar digno, por um direito de ter um pedaço de pão ora educação ora saúde, etc. São vidas que clamam e chamam para nos unirmos a essa luta que nos envolve a todos e todas.
A luta pela justiça exige uma posição concreta ante a vida e a realidade na qual estamos inseridos. Dom Oscar Romero, Elói e tantos outros que foram verdadeiros testemunhas comprometidos com o Evangelho, hoje são caminhos que indicam uma direção concreta, uma opção concreta, um compromisso pelo Reino de Deus, caminho indicado por Jesus Cristo.
Portanto, a vida destes mártires, mais que mártires foram homens e mulheres livres e plenos. E antes de ser homens de sucessos, é saber dar sentido à vivência cotidiana e aos valores pela quais todos nós temos um profundo anseio.
O professor Afonso Murad toca em um dos pontos mais fortes do Cristianismo, seguir radicalmente Jesus de Nazaré nos seus passos, acreditando no Cristo, Nosso Senhor, chegará assim no derramamento do próprio sangue, em uma palavra: martírio. Homens e mulheres que amam mais o "caminho" da salvação do que seu próprio caminho. Pessoas que colocaram o Evangelho acima dos seus interesses pessoais e sim pela causa do Reino de justiça. paz, solidariedade, amor, dignidade para todas as pessoas, principalmente as que estão à margem de tudo o que existe.
A iniciativa vem de Deus, o ser humano é livre para dar o primeiro passo em busca de uma sociedade mais justa e fraterna. Tudo é graça, dádiva do Pai, cabe a cada um de nós, darmos uma resposta de vida, entregue no seguimento do Evangelho. Dom Bosco dizia: "A vida é um presente de Deus, o que fazemos dela é o nosso presente à Ele".
Muitos são os mártires cristãos ou de outras denominações que lutam pela dignidade e justiça, para a vivência de um reino fraterno. O testemunho destes homens, citados como exemplos de mártires da nossa atualidade, recorda-me o tempo em que a Igreja primitiva, despojada de poder e status, foi perseguida. Os mártires daquele tempo continuam a nos ensinar muito. Mas não só ‘daquele tempo’. O exemplo destes santos homens de nossos dias evidencia que o sonho de Deus continua se fazendo realidade. E como nos tempos de outrora, em que o martírio enriquecia a Igreja de mais militantes, também em nossos dias muitos testemunhos, como o de Oscar e Eloi, continuam sendo celeiros ricos de fortalecimento e encorajamento a todos, para o despertar de uma autêntica prática dos ensinamentos do mestre Jesus Cristo. O Senhor da nossa história nos convida constantemente a tomarmos nossa cruz e segui-Lo, sem medo de lutar pela dignidade e vida propostas por Deus a toda humanidade.
Rafael Tadeu Dias Machado
O texto do professor levou-me a refletir sobre o martírio, algo que em nossa sociedade não é nem tocado na questão. Vivemos numa sociedade que valoriza somente o "individual", buscam uma espiritualidade individualista missas de cura e libertação e etc.
Falar em Dom Oscar Romero, Elói Mendes, Ir. Dorothy é falar de verdadeiros Cristãos que assumiram verdadeiramente sua fé, pessoas que foram totalmente apaixonadas por Deus e pelos mais pobres, doaram suas vidas até o martírio.Que os exemplos desses Santos nos ajudem a assumir um ideal humanitário, social e ecologico.
Só quem muito amou é capaz de entender certas coisas. O martírio é uma delas, só quem doou toda a sua vida por alguma causa, é capaz de entender o que se passa na cabeça de um mártir. A doação da própria vida seja por um trabalho, um ideal de vida ou até mesmo para a morte é uma forma radical de viver o Evangelho. Existe algo sobrenatural em cada vida arrebatada, geralmente são pessoas que sabem o risco que correm, mas confiam plenamente na graça de Deus, e tem maior amor a missão do que a própria vida. O texto do Professor Murad retrata bem essa realidade. Para quem doa a vida não há distinção entre causa religiosa e humanitária, as duas realidades se fundam, já não é possível uma distinção entre o humano e o transcendente na missão. É um mesmo o fundamento: o amor serviço, que tem pressa em implantar o Reino. “Vidas pela vida, vidas pelo Reino. Todas as nossas vidas, como suas vidas. Como a vida D’ Ele. Do mártir Jesus”...
É intrínseco ao ser humano a capacidade de abertura ao diálogo: o ser humano é capaz de falar e de ouvir. Ele é capaz de ser presença diante do outro e também do Grande Outro, do Transcendente, do Totalmente outro: Deus. No relacionamento Deus-homem, a iniciativa é sempre do Divino. Deus apela ao coração do homem e esse o responde em plena liberdade. Deus quis correr o risco de criar sua criatura livre. Assim, tanto o convite do criador, quando a resposta do criado tem seu fundamento na liberdade.
Deus quis contar com sua criatura livre para a construção do Seu Reino. O Reino de Deus é justiça e paz. No Reinado de Deus há a ausência do pecado, da morte. O Reino de Deus é lugar da vida e vida em abundância. Dessa forma, todas as vezes que o ser humano, atento ao apelo de Deus, acolhe o órfão, a viúva, o oprimido, ele é participante na construção desse Reino de justiça e paz. O Reino celeste não se resume somente a intervenções no âmbito subjetivo, mas também no social. Todo engajamento contra as estruturas injustas de nossa sociedade é lampejo do reino que há de vir.
Acredito que o martírio seria a radical idade da resposta humana ao convite do Senhor. Nesse aspecto, o artigo do professor Murad fez bem em rememora algo tão caro a nossa fé, ao nosso estado dialogal com Deus. Dom Oscar Romero será sempre signo desse ato radical de amor a Deus, amor aos homens.
Pensar na sociedade que vivemos, tendo em vista uma proposta de vida, partido do Evangelho, e falarmos de martírio, Fico a pensar. Busco na lembrança os grandes mártires da historia que tanto lutaram a ponto de dar a própria vida, pela construção de um mundo melhor, mais humano. Dentro do cristianismo temos grandes exemplos que conhecemos, e ate ficaram em nossas lembranças e calendários litúrgicos. Mas não é desses que quero falar, quero lembra-me de muitos que vivem no anonimato, primeiro por sofrer grandes ameaças, e ate mesmo pelo motivo de não serem percebidos. Por nos, e pela sociedade. Mas que vivem o martírio de se doar a cada dia, em prol da construção de um mundo melhor. Ás vezes observo nas favelas, em meio a tanto conflito pessoas que buscam viver e construir em seu lar, a importância da dignidade e da justiça. E partido de suas casas contribuindo com uma favela melhor, mesmo em meio a tantos mortos, consumidos pelas drogas, e pela violência. Pessoas que mesmo tendo parte de sua família destruída por este meio, não desanima. Cabeça erguida, olhar firme em Jesus Cristo. Vão caminhando e encontrando em meio a dor, sentido para vida.
Vivemos numa sociedade tremendamente marcada pelo individualismo, onde grande parte das pessoas buscam seus próprios interesses sem pensar nos demais. Parece quase impossível a realização do projeto de Deus, daquilo que Ele realmente quer para cada um de nós sem distinção. Entretanto, quando lemos um artigo como este podemos perceber que ainda há esperança, pois temos o legado de fabulosas pessoas como Oscar Romero, Pe. Ezequiel Ramin e muitas outras que entregaram suas vidas na luta pela Justiça Social e por causa Evangelho. Pessoas que tomaram consciência de grandes problemas, e começaram a lutar sem medo e por amor contra qualquer tipo de opressão sem a preocupação de serem acusadas injustamente e mais que isso, ameçadas de Morte. Fica para nós um grande exemplo a ser seguido. Pois escutar, ler ou assistir as histórias dos mártires sempre nos move a consciência, nos impacta, nos sensibiliza e nos leva a questionar sobre como estamos olhando para as questões sociais hoje? Qual a nossa posição diante delas? O que estamos fazendo enquanto cristãos para enfrentar o problema social que impera no mundo em que vivemos e, sobretudo no nosso país?
Belíssimo o texto do professor Murad! E oportuno, no trigésimo aniversário da morte deste grande homem que foi Dom Oscar Romero, um Alter Cristus; assemelhou-se a Jesus até mesmo no martírio.
Texto conciso, rico, profundo, crítico, informativo e claro nas palavras.
Parabéns professor !!!
Também comoveu-me o exemplo de Elói Ferreira da Silva; homem simples, mas douto das coisas de Deus. Amante da justiça e da verdade e por ela entregou a sua vida.
Quão sublimes foram em palavras e atos esses homens. São testemunhas autênticas daqueles que lutam pelo Reino.
Ricardo Cesar Martins Victor, CR
É muito interessante ver que tantas pessoas deram e continuam dando suas vidas em favor dos menos favorecidos desta sociedade capitalista que vivemos. Assim, como Dom Oscar Romero, homem de garra, de coragem, astucioso que lutou e fez de seu ministério não apenas uma catedra voltada a liturgia, mas uma catedrada voltada o olhar aos pobres, oprimidos, marginalizados. Mas, sabemos que todos os profetas não são bem vindos e pagam um preço alto, e até mesmo com a própria vida, e não foi diferente com Dom Oscar Romero que abraçou sua vida a cruz do amor, da vida e doação ao pobres. Evidentemente o faria novamente quantas e quantas vezes fossem necessárias. E nós que dizemos ser cristãos, fariamos o mesmo? É preciso termos a consciencia que doar a vida aos irmãos, e deixar-se ser guiado pela luz do Espírito Santo e pela palavra de Jesus, para que realizemos não méritos próprios, mas que sejamos verdadeiros protagonistas da história da salvação. Ser como esse mártir Dom Oscar Romero e como tantos outros, é de fato compreender a luz da vida terrana de Jesus, não como apenas uma passagem de pregações e pregações, mas uma passagem transfigurada na própria carne. O Evangelho que se realiza na vida humana por completo.
Assim, seremos uns cristãos que vivem o amor de Jesus, olhando para os mais pequeninos, a começar de nós mesmos.
Dom Oscar Romero, rogai por nós!
Postar um comentário