Deus é tão grande que se fez pequeno,
para estar mais próximo de nós.
Alegremo-nos com Ele, o Deus-conosco,
o Deus que faz sua morada neste mundo.
Cantemos louvores ao Criador,
que no seu Filho encarnado santifica todas as suas criaturas:
a água, o ar, o solo, os microorganismos, as plantas,
os animais, a humanidade e a história.
Desejo a você um Natal feliz e um ano novo com esperança renovada.
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Memória e indignação
Recordo-me do que veio depois: o clima de perseguição e de medo, o aniquilamento da cidadania. Qualquer um que ousasse levantar a cabeça era classificado como “subversivo”. O golpe de estado recebeu o belo nome de “Revolução de 31 de março”. Estudávamos Educação Moral e Cívica na Escola e cultivávamos a ilusão de que “ninguém segura mais este país”. Houve atrocidades, torturas, assassinatos e desaparecidos. Felizmente, isso acabou. Parece que houve um “perdão do passado”, para além da anistia política. Guardaram-se poucas marcas deste tempo terrível, com exceção de familiares de vítimas diretamente envolvidas.
Estamos colhendo frutos remotos deste tempo de inconsciência política. A geração nascida depois de 68 não desenvolveu o senso de cidadania, de luta e de reivindicação, como a anterior. Após duros golpes, o movimento estudantil não conseguiu recuperar seu vigor. Perdeu-se numa multiplicidade de tendências políticas, algumas delas anacrônicas. O movimento sindical, após ressurgir ao final da década de 70, com a greve do ABC, também dá mostras de perda de vitalidade. Hoje, engajar-se em movimentos populares, aderir a iniciativas sócio-ambientais e tomar parte em lutas cidadãs se tornou mais desafiador ainda. Uma aventura para poucos.
Parece que perdemos a memória. E com ela, a indignação. Ora, sem memória e indignação não há mudança. O compositor Geraldo Vandré, um ícone da arte engajada nos tempos de 68, compôs após a prisão e a tortura uma música que começa assim: “Maria, me dê memória. Depois, se puder, perdão”. Aliás, o perdão não pode ser confundido com inconsciência, esquecimento, ou qualquer outra alternativa escapista que serve para premiar os dominadores e manter a situação de injustiça.
Neste contexto, é importante redescobrir a figura dos profetas da bíblia.
Os profetas diziam que o remédio para a iniqüidade social não era o esquecimento, e sim a justiça. Na tradição judaica, essa palavra era algo mais do que a realidade forense ou legal de dar a cada um o que ele merece. A justiça significava simultaneamente conversão das pessoas e das estruturas, atitudes individuais e ações coletivas, criação de novas relações. Ao mesmo tempo em que os profetas anunciavam a misericórdia e o perdão de Deus, mantinham a indignação e a consciência social. Este critério era tão decisivo, que questionava até a própria religião. Assim Isaías denuncia a religiosidade vazia e alienante: “Esse povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim”. E proclama: “Aprendam a fazer o bem. Procurem a justiça, defendam o direito do fraco” (Is 1,17).
Hoje, em diversos canais de TV ou de rádio, se escutam preces de pregadores, pastores e padres. Por que se pede a Deus somente milagres, curas e prosperidade pessoal? Por que as pessoas são mobilizadas somente para resolver o seu problema? É tempo de suplicar: Senhor, dá-nos memória e indignação! É também momento de cultivar a memória e despertar as consciências para ação coletivas. Assim, a memória tece o fio da história. E a indignação ética mobiliza as forças transformadoras.
sábado, 13 de dezembro de 2008
Sim, é possível

Nas medidas anunciadas recentemente pelo governo brasileiro, visando aumentar o consumo, não se tocou na taxa de juros, um mecanismo perverso que favorece o capital financeiro, à custa do capital produtivo e do bem de toda a população. Como no Brasil os pobres só podem comprar à prestação, acabam pagando mais. E muito mais... Clóvis Rossi, em artigo da Folha de São Paulo de 12 de dezembro, diz: “Lula terceirizou a política econômica para Meirelles, que faz o que bem entende com os juros. Foi a maneira que encontrou para acalmar as piranhas do mercado financeiro, as únicas que podem desestabilizar um governo que não lhes dê o sangue que pedem insaciavelmente”. Então, vejam só, o mercado financeiro não tem somente mãos enormes para capturar, mas também dentes afiados e vorazes.
Nesta mesma semana aconteceu um encontro internacional sobre mudanças climáticas, na Polônia. É evidente que a humanidade, como um todo, necessita reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Se não fizer isso logo, haverá perda de biodiversidade, diminuição da qualidade de vida, redução da área cultivável para agricultura, aumento dos fenômenos extremos de tempestades e secas etc. Ou será que já esquecemos, em tão curto de espaço de tempo, o que aconteceu recentemente em Santa Catarina? Mas, os interesses imediatos do poder econômico freiam as iniciativas e levam a reduzir as metas.
Entre as medidas adotadas pelos governos, visando a vitalidade da economia, está o socorro às indústrias automobilísticas e o estímulo à compra de carros novos. Ora, a emissão de gases dos veículos automotivos é um dos fatores responsáveis pelo aquecimento global. Além disso, com o aumento da frota em circulação, gera-se um caos no trânsito das grandes cidades, que impacta na saúde da população e diminui a produtividade da economia. Então, é uma ação que favorece a destruição do meio ambiente, não visa a inclusão social, e em longo prazo tem um custo econômico.
Os recentes estudos de Valoração Ambiental e de Economia Ambiental mostram que é falso o dilema: desenvolvimento x ecologia. Os governos poderiam estimular a economia de outras formas, favorecendo ao mesmo tempo a equidade social e a sustentabilidade ecológica. Por exemplo, há no Brasil um enorme déficit de habitação, e moradia é direito básico do ser humano. Incentivar a construção civil, não somente através das grandes construtoras, mas também promovendo empreendedores coletivos, aqueceria o mercado de trabalho e responderia de forma clara a uma necessidade do país, especialmente dos mais pobres. Além disso, se estimulasse a formação de cadeias produtivas ecologicamente sustentáveis, geraria oportunidades de trabalho e contribuiria para manter aquecida a economia.
As soluções existem. Um mundo diferente deste que está aí, submetido a mãos invisíveis e dentes vorazes, é cada vez mais possível e necessário, como proclama o Fórum Social Mundial. Sim, é possível! Com outras mãos e outros corações.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Novidade

Ele trata especificamente de Maria, a mãe de Jesus.
Destina-se a aqueles(as) que se interessam em conhecer mais essa mulher especial, na perspectiva da teologia cristã atual.
Apresenta textos mais extensos, para possibilitar estudo, reflexão e comentários, além de poder contribuir na evangelização de grupos.
Quero abrir um diálogo com cristãos de outras igrejas e também de diferentes religiões.
Faça uma visita lá:
domingo, 23 de novembro de 2008
A força da fragilidade

Assis retratava, neste cenário de aparente desolação, uma beleza sem par, que não encontrei nas outras vezes que lá estive em peregrinação. Devido aos efeitos do terremoto, muitas igrejas estavam interditadas para restauração, lojas fechadas, e a cidade, vazia de turistas. Pude então percorrer os belos becos medievais em silêncio, escutar o som das águas no chafariz e nas fontes, distinguir o ruído típico do revoar de pássaros. Nada de comércio, de barulho, de gente dispersa.
De repente, o sol saiu tímido do meio das nuvens. Caminhei em direção à basílica de Santa Maria dos Anjos, localizada na parte baixa da cidade. Lá se encontram “uma igreja dentro da outra”. No centro da basílica está uma capelinha, antiga e rústica, que Francisco reformou, com seus companheiros. Ali ele celebrou momentos de crise, de descobertas e encontros. Muitos anos depois, construíram à volta de capelinha uma basílica, bela e alta. Ao me aproximar de “Santa Maria dos Anjos”, encontrei um sinal de advertência: “proibido ultrapassar”. Então percebi que a enorme cúpula da igreja ruíu e parte do material caiu. Mas a capelinha da porciúncula estava lá, de pé, do mesmo jeito. Resistiu ao terremoto sem sofrer danos.
Aquela imagem foi uma parábola para mim. A capelinha de Francisco, simples e pobre, permaneceu, apesar dos tremores do tempo. A grande basílica, bela, alta e ostentosa, não. Creio que neste momento da história as Igrejas cristãs devem aprender esta lição. Embora tenham que recorrer a muitos meios modernos para evangelizar, seu sustentáculo não está aí, mas em seguir a Jesus. Seu tesouro não reside no número de fiéis, no tamanho dos templos, na complexidade de suas instituições, ou no domínio da mídia. É na simplicidade, na busca do essencial, na presença solidária junto “aos últimos”, no espírito de diálogo e serviço à sociedade que reside sua riqueza perene. Esta aparente pobreza tem uma riqueza, que como diz Jesus, “nem o ladrão rouba, nem a traça corrói”. Pois, onde estiver o seu tesouro, aí estará o seu coração.
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
O sino e o microfone

Durante a reunião do conselho paroquial, o jovem sacerdote comunicou sua decisão aos leigos. A perplexidade tomou conta do grupo. “O senhor ganhou os sinos de presente?”, perguntou um bajulador, para tentar dissipar o mal estar. O padre lhe respondeu: “Não, absolutamente. Eles virão da Itália. Vamos pagá-los com o dinheiro do caixa da paróquia. E vai custar....”. Quando os leigos escutaram o preço, veio um sentimento de indignação.
Seu Pedro, homem sensato, pediu a palavra: “Padre João! Eu creio que nós devemos pensar sobre o que irá trazer bem maior para os nossos paroquianos. O sino pode ser bonito e vistoso, mas aqui, no centro da cidade, ninguém vai ouvi-lo. Vai ficar como um objeto de enfeite”. A discussão continuou acalorada. Alguns defendiam a compra dos sinos, lembrando com saudades dos bons tempos em que moravam no interior e os sinos ecoavam por todo o vilarejo.
Então Dona Mariana, que coordena a equipe de liturgia, disse: “Faz quase um ano que pedimos para melhorar o som da nossa Igreja. Os técnicos mostraram que o microfone está velho, o amplificador é fraco e as duas caixas acústicas são insuficientes para alcançar as 500 pessoas que vêm às missas dominicais. Fizemos três orçamentos, mas não tomamos a decisão. Proponho que, com esse dinheiro, renovemos o nosso sistema de som. O sino pode esperar. O som, não. Afinal, o povo precisa compreender o que se diz na missa, para celebrar bem e alimentar sua fé!”. Fez-se um longo silêncio. E após muita discussão, o padre e o conselho decidiram instalar um novo sistema de som da Igreja.
Este fato revela como gestão e espiritualidade estão presentes no cotidiano da ação evangelizadora. Sob o ângulo da gestão, é fundamental “manter o foco no seu público-alvo”. Os investimentos e os recursos devem ser dirigidos, em primeiro lugar, para as atividades que beneficiem diretamente seus interlocutores e tragam resultados visíveis. Neste caso, um sistema de som eficiente visa melhorar a comunicação e aumentar o envolvimento da comunidade nas celebrações litúrgicas. Um sino tem seu lugar, mas neste momento não é prioritário. Ser gestor significa continuamente fazer escolhas, ponderar antes das decisões, levar em conta a relação custo x benefício. Uma gestão participativa tem possibilidade de ser mais eficaz, pois reúne diferentes pontos de vista, para alcançar melhores resultados.
Olhando o mesmo fato, sob o ângulo da espiritualidade, dizemos: o que orienta ação da Igreja é o desejo de que Jesus seja conhecido, amado e seguido. O foco na evangelização leva a edificar a Igreja como comunidade de irmãos e irmãs. Por isso, as decisões são amadurecidas à luz da fé, na escuta dos apelos do Espírito de Deus na nossa realidade. O discernimento leva a purificar as motivações e a buscar “o maior bem possível” da comunidade cristã.Assim, a espiritualidade ilumina as mentes e os corações no âmbito das motivações e dos valores, enquanto a gestão serve para alcançar resultados, com eficácia.
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Falta um pecado!

Antes da missa de domingo à noite, aproxima-se dele um adolescente de cabelos longos, barba rala, brinco na orelha, e um vivo olhar. Um pouco acanhado, Anderson lhe diz:
- Padre Vanderlei, eu esqueci um pecado da lista. Falta um pecado.
- Que lista?
- A lista dos pecados, que a catequista deu para gente.
Vanderlei se contém e nada fala. No fim de semana seguinte, convida Anderson para uma conversa. Após momentos descontraídos, que serviram para iniciar uma relação de confiança, o padre lhe pergunta:
- Que lista?
- A lista dos pecados, que a catequista deu para gente.
Vanderlei se contém e nada fala. No fim de semana seguinte, convida Anderson para uma conversa. Após momentos descontraídos, que serviram para iniciar uma relação de confiança, o padre lhe pergunta:
-O que você achou da lista de pecados?
Anderson pensa um pouco, olha nos seus olhos. Então acontece um diálogo:
- Véio, posso ser sincero? Acho horrível! Se eu contar para meus amigos, eles não vão acreditar que hoje tem uma lista dessas. Eles (os catequistas) tratam a gente de maneira infantil. Eu não preciso de lista de coisas erradas. Eu sei que tem muitos jovens por aí que estão perdidos, sem rumo, já não sabem o que é certo ou errado. Mas, uma lista destas é ridícula!
- Se você fosse o catequista, o que faria?
- Pô, gostei da sua pergunta, padre. Isso é que está faltando na catequese da crisma. Elas não perguntavam nada para gente. Já traziam as respostas prontas. Imaginavam que a gente não tem nada na cabeça.
- Então, o que você faria? (insiste Padre Vanderlei).
- A gente não quer regras para engolir goela abaixo. Eu faria a “lista de pecados” junto com a galera. Eu daria algumas dicas para a conversa não se perder, e questionaria muito, para que pensassem nas suas atitudes.
- Gostei do que você disse! Então você pensa que as pessoas precisam de critérios para julgar, não de listas prontas. O pecado existe, mas ele não é o mais importante na vida cristã.
- Isso! Não agüento este povo que só fica enchendo a nossa cabeça de culpa. Eu acho que precisamos fazer também outra lista. Uma lista aberta. A lista da “corrente do bem”, das coisas que nós podemos fazer para mudar este mundo. Dá até para começar uma comunidade no Orkut! A Igreja tem que mostrar pra gente que é melhor fazer as coisas certas, ser criativo, estar linkado com o bem, do que estar nessa neura de pecado prá todo lado. Ser santo não é ser bobo!
- Véio, posso ser sincero? Acho horrível! Se eu contar para meus amigos, eles não vão acreditar que hoje tem uma lista dessas. Eles (os catequistas) tratam a gente de maneira infantil. Eu não preciso de lista de coisas erradas. Eu sei que tem muitos jovens por aí que estão perdidos, sem rumo, já não sabem o que é certo ou errado. Mas, uma lista destas é ridícula!
- Se você fosse o catequista, o que faria?
- Pô, gostei da sua pergunta, padre. Isso é que está faltando na catequese da crisma. Elas não perguntavam nada para gente. Já traziam as respostas prontas. Imaginavam que a gente não tem nada na cabeça.
- Então, o que você faria? (insiste Padre Vanderlei).
- A gente não quer regras para engolir goela abaixo. Eu faria a “lista de pecados” junto com a galera. Eu daria algumas dicas para a conversa não se perder, e questionaria muito, para que pensassem nas suas atitudes.
- Gostei do que você disse! Então você pensa que as pessoas precisam de critérios para julgar, não de listas prontas. O pecado existe, mas ele não é o mais importante na vida cristã.
- Isso! Não agüento este povo que só fica enchendo a nossa cabeça de culpa. Eu acho que precisamos fazer também outra lista. Uma lista aberta. A lista da “corrente do bem”, das coisas que nós podemos fazer para mudar este mundo. Dá até para começar uma comunidade no Orkut! A Igreja tem que mostrar pra gente que é melhor fazer as coisas certas, ser criativo, estar linkado com o bem, do que estar nessa neura de pecado prá todo lado. Ser santo não é ser bobo!
Vanderlei pôs a mão no queixo. Seu semblante ficou sério. Depois, veio um discreto sorriso. Percebeu que tinha muito que aprender! Este foi um sinal para a sua vocação. Como Padre, ele não seria simplesmente o ministro do altar e do púlpito, e sim um pastor e companheiro dos jovens. E sobretudo, um agente de mudanças, junto com os leigos. Era o começo de uma fascinante missão.
domingo, 26 de outubro de 2008
Olhar encantado

Terça-feira de manhã, no Parque das Mangabeiras. Sopra o vento frio de agosto. O sol, estrela adormecida, lança alguns tímidos raios entre as nuvens. Silêncio da natureza, no inverno que gesta a primavera. De repente, chega o grupo de crianças de uma escola pública. Elas correm em direção à Praça das Águas. Apontam os dedos para os peixinhos. Movem-se de um lado para o outro. Entusiasmam-se ao ver as carpas que, tranqüilamente, passeiam pelas águas frias. “Olha lá, que bonito! Quero levar para casa!”... Os seus olhos brilham e brotam sorrisos nos lábios. Um, mais curioso, observa atentamente os peixes e se concentra como se estivesse conversando com eles.
O funcionário do Parque abre o registro das fontes. Quando as águas começam a jorrar para o alto, as crianças entoam um coro espontâneo: “Vivaaa!”. O contentamento se transmuta em euforia. Algumas, mais afoitas, aproveitam-se do vento e se posicionam no lugar aonde podem provar os respingos no rosto e nos braços. Parece que ao ver tanta alegria, até o sol se desperta e vem esquentar o ambiente. Um menino descobre que sobraram alguns grãos de ração para peixes nos espaços do mosaico da calçada. Cuidadosamente, ele e seus companheiros garimpam aquelas migalhas, como se fossem uma preciosidade. Então, lançam na água o alimento e os peixes se aproximam mais. A alegria contagiante nutre a todos.
Jesus, no evangelho, nos diz que o Reino de Deus está reservado para quem tem coração de criança. Ou seja, homens e mulheres capazes de manter o encantamento com a vida, de alegrar-se com as coisas pequenas da existência. Este é um dos segredos para a gente ser feliz e descobrir quantas maravilhas Deus realiza por nós e em nós. Aqui se encontra uma das vertentes mais significativas da simplicidade. Ela nasce de um coração de criança, que exercita a alegria e a gratidão. Infelizes dos pessimistas, dos carrancudos, dos perfeccionistas e ambiciosos! Felizes dos que saboreiam os dons da existência e celebram as belezas que Deus lhes concede, a cada dia!
Recordo-me de um irmão marista que já tem mais de 80 anos. Ele faz questão de mostrar as roseiras que cultiva com carinho ou as verduras da horta. Fala com alegria destas coisas pequenas e partilha sua existência com o encantamento de 25 anos atrás, quando o conheci. Este homem tem o mesmo olhar da criança que olha o peixinho. Mantém no coração a alegria e a gratuidade.Quantos sinais da bondade e do amor de Deus recebemos cada dia. Às vezes, Ele nos brinda com alguns fatos especiais. Como somos amados pelo Senhor. É bom cultivar o olhar de criança, que se encanta e se alegra, com tantas graças!
O funcionário do Parque abre o registro das fontes. Quando as águas começam a jorrar para o alto, as crianças entoam um coro espontâneo: “Vivaaa!”. O contentamento se transmuta em euforia. Algumas, mais afoitas, aproveitam-se do vento e se posicionam no lugar aonde podem provar os respingos no rosto e nos braços. Parece que ao ver tanta alegria, até o sol se desperta e vem esquentar o ambiente. Um menino descobre que sobraram alguns grãos de ração para peixes nos espaços do mosaico da calçada. Cuidadosamente, ele e seus companheiros garimpam aquelas migalhas, como se fossem uma preciosidade. Então, lançam na água o alimento e os peixes se aproximam mais. A alegria contagiante nutre a todos.
Jesus, no evangelho, nos diz que o Reino de Deus está reservado para quem tem coração de criança. Ou seja, homens e mulheres capazes de manter o encantamento com a vida, de alegrar-se com as coisas pequenas da existência. Este é um dos segredos para a gente ser feliz e descobrir quantas maravilhas Deus realiza por nós e em nós. Aqui se encontra uma das vertentes mais significativas da simplicidade. Ela nasce de um coração de criança, que exercita a alegria e a gratidão. Infelizes dos pessimistas, dos carrancudos, dos perfeccionistas e ambiciosos! Felizes dos que saboreiam os dons da existência e celebram as belezas que Deus lhes concede, a cada dia!
Recordo-me de um irmão marista que já tem mais de 80 anos. Ele faz questão de mostrar as roseiras que cultiva com carinho ou as verduras da horta. Fala com alegria destas coisas pequenas e partilha sua existência com o encantamento de 25 anos atrás, quando o conheci. Este homem tem o mesmo olhar da criança que olha o peixinho. Mantém no coração a alegria e a gratuidade.Quantos sinais da bondade e do amor de Deus recebemos cada dia. Às vezes, Ele nos brinda com alguns fatos especiais. Como somos amados pelo Senhor. É bom cultivar o olhar de criança, que se encanta e se alegra, com tantas graças!
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
51

Jesus, meu mestre e Senhor!
Hoje, novamente, como Pedro, coloco-me à beira do lago (Jo 21,13-19). Já provei do alimento que me dás: não somente pão e peixe, mas também alegria, consolo, fortaleza, iluminação e interpelação; palavras e presenças de pessoas.
Novamente, tu me olhas nos olhos (Mc 10,21). Quantos anos já se passaram, desde que senti intensamente, pela primeira vez, o chamado para te seguir mais de perto!
Hoje, no dia do meu aniversário, olho para trás e parece que foi há muito tempo. Mas sinto também que foi nesta madrugada. Porque o tempo do coração se chama hoje, agora, semente germinada de eternidade.
Tu me perguntas de novo, como fizeste com Pedro: “Tu me amas?”. E me questionas novamente, até uma terceira vez. Muitas e incontáveis vezes. E eu, qual Simão, seguidor e aprendiz de teus caminhos, posso somente dizer: “Sim, eu te quero bem! Tu conheces que meu amor não é perfeito, sabes de meus vacilos, resistências, ilhas de sombras, fragilidades... Ah! Mas tu sabes que te amo!”
Então, tu me pedes: “Nutre meu rebanho, apascenta minhas ovelhas!” Eu te digo: “Não sou pastor oficial, nem presbítero. Apenas irmão. Assim sou conhecido, assim me reconheço. Irmão de todos os que buscam o Senhor da Vida, irmão daqueles(as) que se lançam na bela aventura de nutrir as pessoas com esperança e beleza. Sou pastor também, enquanto participo da imensa corrente de homens e mulheres que anunciam o seu Reino já presente e denunciam o anti-reino”.Jesus, renovo neste dia meu compromisso de te seguir, e de contribuir efetivamente para despertar consciências, mobilizar pessoas, partilhar conhecimento, abrir mentes e corações, em vista de uma sociedade mais humana, justa e sustentável. Amém!
Hoje, novamente, como Pedro, coloco-me à beira do lago (Jo 21,13-19). Já provei do alimento que me dás: não somente pão e peixe, mas também alegria, consolo, fortaleza, iluminação e interpelação; palavras e presenças de pessoas.
Novamente, tu me olhas nos olhos (Mc 10,21). Quantos anos já se passaram, desde que senti intensamente, pela primeira vez, o chamado para te seguir mais de perto!
Hoje, no dia do meu aniversário, olho para trás e parece que foi há muito tempo. Mas sinto também que foi nesta madrugada. Porque o tempo do coração se chama hoje, agora, semente germinada de eternidade.
Tu me perguntas de novo, como fizeste com Pedro: “Tu me amas?”. E me questionas novamente, até uma terceira vez. Muitas e incontáveis vezes. E eu, qual Simão, seguidor e aprendiz de teus caminhos, posso somente dizer: “Sim, eu te quero bem! Tu conheces que meu amor não é perfeito, sabes de meus vacilos, resistências, ilhas de sombras, fragilidades... Ah! Mas tu sabes que te amo!”
Então, tu me pedes: “Nutre meu rebanho, apascenta minhas ovelhas!” Eu te digo: “Não sou pastor oficial, nem presbítero. Apenas irmão. Assim sou conhecido, assim me reconheço. Irmão de todos os que buscam o Senhor da Vida, irmão daqueles(as) que se lançam na bela aventura de nutrir as pessoas com esperança e beleza. Sou pastor também, enquanto participo da imensa corrente de homens e mulheres que anunciam o seu Reino já presente e denunciam o anti-reino”.Jesus, renovo neste dia meu compromisso de te seguir, e de contribuir efetivamente para despertar consciências, mobilizar pessoas, partilhar conhecimento, abrir mentes e corações, em vista de uma sociedade mais humana, justa e sustentável. Amém!
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